NEVOEIRO
Nem rei nem lei, nem paz nem guerra,
Define com perfil e ser
Este fulgor baço da terra
Que é Portugal a entristecer –
Brilho sem luz e sem arder,
Como o que o fogo - fátuo encerra.
Ninguém sabe que coisa quer,
Ninguém conhece que alma tem,
Nem o que é mal nem o que é bem.
(Que ânsia distante perto chora?)
Tudo é incerto e derradeiro.
Tudo é disperso, nada é inteiro.
Ó Portugal, hoje és nevoeiro...
É a hora!
Fernando Pessoa
O poema aponta para a disforia, a melancolia e a tristeza. Reforça, através de palavras e expressões de negatividade, uma situação de crise a vários níveis: político (“Nem rei nem lei, nem paz nem guerra”); crise de valores morais (“Ninguém sabe que coisa quer,/ (...) nem o que é mal, nem o que é bem”); crise de identidade ("ninguém conhece que alma tem"). A situação é, portanto, de incerteza e de indefinição.
"Ó Portugal, hoje és nevoeiro... ", conclui o sujeito poético. No entanto, e apesar desta constatação, não deixa de lançar o desafio: "É a hora! "
Ana Soares
Amo Fernando Pessoa.
ResponderEliminarOlá. Belo blog.
Acabei de criar o meu blog. Estou aqui para te convidar a visita-lo.
http://opiniaodeeducadora.blogspot.com/
Obrigada.
Mia Couto diz, "o que me doí, é que a miséria não tem consciência de si mesma."
ResponderEliminarE eu digo que, quando nos defrontamos com uma sociedade que nasce, vive e morre, inconveniente do que são valores como, Honra, Dignidade, Integridade, Solidariedade, Justiça e tantos outros, nada mais se pode esperar.
CA