sábado, 19 de março de 2011

GAVE, professores correctores e MST

Miguel Sousa Tavares (MST) na sua crónica deste sábado, no Expresso, está indignadissimo porque os professores recebiam por corrigir exames. Imaginem! 25 euros/exame, afirma ele! Não devia ser parte das suas funções, corrigir exames?, pergunta. Provavelmente sim.
A verdade é que quando os exames foram introduzidos, o seu pagamento foi decidido por quem governava. Faz sentido, porque os exames até então não existiam, logo, a sua correcção não podia fazer parte da função dos professores. Além disso, nem todos os docentes corrigem exames. Por isso, deve premiar-se quem o faz.
Depois de o Governo decidir que os exames deixam de ser pagos mas continuam a ser corrigidos, decidiu dar formação aos seis mil professores correctores seleccionados. Estipulou os dias e as horas, dois dias, um sábado incluído - MST estará contente porque os professores, esses malandros gananciosos que querem ser pagos, vão ter de dar um dia ao Estado, um sábado uma solução óptima, deste modo, os mandriões não faltam às aulas -. Não interessa se a acção de formação fica perto ou longe de casa, o que interessa é que os professores não podem faltar e, no final, serão avaliados. Faz sentido, os alunos também são avaliados depois da matéria dada. Nada a opôr.
O que parece ridículo é os professores terem sido seleccionados para serem correctores, sem se terem candidatado para a função e serem obrigados a fazer a acção de formação.
O que parece ridículo é, na acção de formação, os professores estarem a corrigir exames do ano passado, exames que já corrigiram em Julho... Não havia nada de novo a ensinar na acção de formação? Os exames e as suas correcções no final deste ano, são exactamente iguais aos do ano passado?
O que parece ridículo é os professores serem avaliados e a sua classificação ser usada para a efeitos da avaliação do seu desempenho, "desde que concluída com aproveitamento". É uma espécie de prémio de compensação por não serem pagos para corrigir?
O que parece ridículo é os professores terem de assinar um contrato que os prende à função de correctores por quatro anos.
O que parece ridículo é as correcções dos exames, este ano, poderem entrar por Agosto a dentro...
Mas se os professores se queixarem, já sabem, terão MST a escrever sobre uns malandros, que não querem trabalhar em Agosto...
BW

12 comentários:

  1. Isso dos quatro anos é especialmente errado.

    Em muitas escolas vigora o princípio da “continuidade pedagógica”, segundo o qual um professor deve acompanhar a turma em todo o seu percurso (no secundário: 10 e 11º numas disciplinas e 10, 11º e 12º noutras disciplinas). Há vários argumentos a favor desse princípio.
    Mas caso este seja posto em prática isso implica que um professor não esteja todos os anos lectivos a leccionar o nível em que ocorre o exame nacional. Por outro lado, parece haver vantagem (nomeadamente motivacional) em os exames serem corrigidos pelos professores que levaram alunos a exame.
    Os 4 anos e a continuidade pedagógica são, portanto, contraditórios.

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  2. É por demais evidente que MST escreve sobre o que não sabe, movido pela presunção e pelo preconceito. Como jornalista, deveria ter noção da importância de confirmar as suas afirmações. O que dá trabalho coisa que MST também já há muito tempo abomina.

    Há pelo menos dois erros grosseiros na base da pseudo-argumentação de MST: nunca foram pagos 25 euros por exame corrigido, mas sim cerca de 5 euros, e apenas pelos do 12º ano. E os exames que os professores corrigem são sempre de alunos de outras escolas, sob rigoroso anonimato.

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  3. Alguma vez os exames de 12º ano foram pagos por esse valor? Corrijo exames desse nível de ensino há anos e o que pagavam (sim, pagavam, pois a partir deste ano, não) não passava dos 5 euros/prova. Recebido esse valor em Outubro, acontecia ultrapassar-se o escalão do IRS em que nos situavamos e recebermos menos vencimento nesse mês do que nos outros.
    Pergunte-se por aí quem quer desempenhar esse papel? Sempre foi uma imposição que deveria competir ao ensino superior.
    A partir deste ano tudo é a custo ZERO. Deslocações, formação obrigatória, sábados, 120 provas, férias de acordo com as fases de exame...
    os MST deste país vão ficar felizes e os professores vão ensandecer.

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  4. Desculpe, Bárbara, mas errou neste seu «post» por não ter exposto o vigarista que é o senhor que é filho de Sophia.

    NUNCA um professor recebeu 25 euros por exame. Depois de aplicados os impostos, dava menos de três.

    Esse senhor escreve e diz falsidades com toda a tranquilidade, além de ter como alvo os professores.

    Questões mal resolvidas, certamente. Traumas...

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  5. A impunidade de que Miguel Sousa Tavares goza resulta do facto ser filho de quem é (mãe: a maravilhosa poeta Sophia de Mello Breyner Andresen; pai: Francisco Sousa Tavares, um corajoso e frontal político - muito diferente da maioria dos políticos actuais e do próprio filho), mas também do facto de ser uma pessoa conhecida e de esquerda. Se Miguel Sousa Tavares fosse liberal ou conservador, militante ou simpatizante do PSD ou do CDS, as suas afirmações falsas ou infundamentadas seriam rapidamente questionadas pela comunicação social e ele perderia o emprego. Mas, assim...

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  6. Há "gueras" que não vale a pena "comprar", não é?...
    Sobre este tema, tenho 3 comentários:
    1- Direitos adquiridos: percebo o que dizes - "A verdade é que quando os exames foram introduzidos, o seu pagamento foi decidido por quem governava. Faz sentido, porque os exames até então não existiam, logo, a sua correcção não podia fazer parte da função dos professores", mas a verdade é que faz todo o sentido que esta tarefa- decorrente de uma prática que agora incorpora o sistema - seja parte da função de professor. Claro que neste ano é ao mesmo tempo necessário e ingrato deixar de remunerar "on the side";
    2- Má utilização de informação: dizem-me que teria sido possível ao ME identificar o grupo de professores correctores que, em anos anteriores, tem tido maior nº de pedidos de revisão. A formação poderia ter incidido apenas sobre este sub-grupo;
    3- Contratualização: não "havia necessidade":), não há racional, nem faz sentido se seguirmos o princípio de que, esta tarefa, já faz parte da função. Porque se afinal não faz, então porque não é paga "extra"?...

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  7. Exactamente! Porquê prender o professor a um contrato? Se a função não é paga...
    É verdade. No enorme texto escrito, esqueci-me de referenciar esse facto importantissimo: os 25 euros, que não são 25. Eu sabia que não eram 25, que eram cinco. Provavelmente MST ainda anda trocado entre os escudos e os euros... Cinco contos são 25 euros... Cinco euros são mil escudos... Não sei! Não percebo! BW

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  8. Mas é fácil perceber, Bárbara. É um facto evidente que o homem não se documenta antes de opinar. E não é de agora. Se a Bárbara ou os seus colegas cometessem erros destes nas suas peças jornalísticas, provavelmente estariam a colocar o seu emprego em risco. Mas a MST tudo se desculpa e ninguém se atreve a dizer que o rei vai nu.

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  9. Corrijo exames desde que dou aulas (há 26 anos). A maior parte dos exames não foram nunca pagos e há mais exames do que aqueles que a maior parte da população conhece (por exemplo, provas de aferição e exames de equivalência a frequência).
    Só eram pagos os exames nacionais que passaram da universidade para as escolas secundárias e serviam como provas específicas de acesso ao ensino superior. Por esse serviço suplementar, pagavam-nos 4 euros, inicialmente e, julgo que nos últimos 2 anos, 5 euros ilíquidos. Mesmo assim era serviço que todos faziam por obrigação, nunca voluntariamente.
    Nos últimos anos, passámos a ter reuniões para, em conjunto, estudarmos a correcção das provas e esclarecermos dúvidas, isto depois dos exames feitos e antes de nos serem entregues as provas para as corrigirmos e a meio da correcção.
    A partir deste ano, ignoram todo o trabalho anterior, obrigam-nos a formação e retiram-nos o pagamento.
    Mais: eu tenho de faltar, na sexta-feira, a uma turma de CEF, e as faltas a essas turmas são de reposição obrigatória.
    Ainda mais: os professores que leccionam este ano turmas com exame não têm esta formação nem corrigem exames, se não tiverem corrigido nos anos anteriores.
    Mais ainda: Muitos professores que são obrigados a esta formação e a corrigirem exames não leccionam níveis de exame este ano, mas têm de fazer este serviço, porque corrigiram nos anos anteriores.
    Uma pergunta: se o Júri Nacional de Exames tem acesso a todos os dados do nosso trabalho dos anos anteriores, sabendo, por exemplo, se houve problemas com as provas por nós corrigidas, por que razão nunca nos deu conhecimento desse facto e nos obriga, agora, a mais esta sobrecarga de trabalho?
    Quanto ao senhor MST, se fosse professor, já teria tido muitos problemas, tal é a impreparação que revela ao tratar de tantos temas para os quais lhe hão-de pagar bem mais do que os 25 euros que nunca pagaram aos professores pela correcção dos exames.

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  10. ACH INCRIVEL UMA PESSOA COMO O MIGUEL TAVARES TER A LATA DE DIZER QUE UM PROFESSOR GANHA 25 EUROS POR EXAME!JÁ QUE ELE GANHA ASSIM TANTO VOU LHE MANDAR OS EXAMES DA PRÓXIMA VEZ PARA ELE VER COMO ELAS LHE MORDEM!

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  11. Eu sou corrector de provas de aferição do 4º ano e não me pagam para isso...

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