"É costume dizer-se que para educar uma criança...", diz a minha mãe do outro lado do telefone. Reviro os olhos porque já sei que me vai dizer que "é preciso uma aldeia", mas não, ao fim de tantos anos e de tantas histórias e dizeres repetidos, a minha mãe consegue surpreender-me: "para educar uma criança são precisos 20 anos antes de ela nascer."
Por segundos fico baralhada, então não é o ditado africano da aldeia, da comunidade que se junta para educar os novos membros, para os ensinar a viver em comunidade? Não. São 20 anos, mas duas décadas antes de a criança ser nascida? OK, já percebi! São 20 anos, o tempo dos seus pais, eles próprios serem educados e, antes deles, os pais dos seus pais. São precisas gerações e gerações.
É preciso sabermos namorar! O quê?!, pergunta o leitor, já muito confuso, então não era educar?! É verdade, é preciso saber muito bem como se escolhe e quem se escolhe para ser o pai ou a mãe dos nossos filhos. Daí os tais 20 anos. Porque, lá está, tudo reside na educação, na forma como fomos educados, na forma como vamos educar – não as palavras, mas os exemplos que damos – e, para educar, somos precisos dois! Dois e toda a nossa experiência e a dos nossos antepassados!
BW
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