segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Paralisia infantil não é ter o cérebro parado

As suas infâncias não foram fáceis porque não é fácil ser diferente. Há sempre quem fique a olhar, a cochichar ou a dizer mal mesmo à frente, a achincalhar, a gozar, a chamar nomes, a dar alcunhas, a fazer sofrer. E há que crescer com esse sofrimento.
No seminário Inclusão-Educação e Autodeterminação, que decorreu no sábado, 28 de Setembro, em Coimbra, promovido pela Associação de Paralisia Cerebral de Coimbra (APCC), ouviu-se toda a gente: os técnicos, os decisores políticos, os pais e os filhos, aqueles que sofrem as lesões cerebrais que os impossibilitam de ser como os outros.
E eles contaram as suas histórias. "As crianças são cruéis", dizem com o rosto de quem lembra o que se passou mas que não conta porque todos imaginamos e sabemos como as crianças podem ser. "Os recreios passava-os ao lado da 'contina'", revela Susana Ferreira. Só João Vieira, o único rapaz do grupo de cinco é que diz, satisfeito, que também ele levava puxões de orelhas como os colegas e jogava com os outros.
Alda Matos, doutorada e professora do ensino superior, conta que quando estudava, os colegas do curso de psicologia chegaram a perguntar-lhe se a paralisia cerebral não era ter o cérebro parado. "Se assim fosse eu estava morta!". Não a paralisia cerebral é uma lesão no cérebro e não faz destas pessoas estúpidas ou atrasadas, apenas mais lentas, a fazer as coisas com mais dificuldade, mas fazem, contam Teresa Melo, Paula Matos e Susana Ferreira.
A crueldade das crianças ajudou-os a serem quem são: pessoas fortes. "Eu sou teimosa", diz Paula Matos que faz o mestrado em gerontologia, participou na tuna académica e gosta de ajudar o próximo. "Eu consigo, demoro mais um bocadinho mas faço", afirma Susana Ferreira, que trabalha na área dos seguros. "Eu sou capaz", declara Teresa Melo, formada em História de Arte.
A autodeterminação. Demoram mais tempo a subir para o autocarro, mas sobem sozinhos. Têm dificuldade em cortar uma folha de papel, mas cortam. Custa-lhes verbalizar uma ideia mas fazem-no. "Ainda existe discriminação mas só nós é que podemos mudar as mentalidades. Os nossos exemplos é que nos podem tornar inclusivos", defende Teresa Melo.
Tiveram pais protectores, que os controlavam, que tinham medo de lhes dar liberdade, que os protegiam na tentativa de os proteger, de não os fazer sofrer. Por isso, Alda Matos lembra aos pais que "os filhos têm potencialidades. Se os estiverem sempre a proteger, podem impedir que desenvolvam as suas potencialidades", alerta.
Teresa Melo tem a experiência da maternidade e por isso diz aos pais: "Devem deixá-los lutar, prosseguir o seu percurso, deixá-los ter uma palavra a dizer, a terem autodeterminação".
Uma mensagem que não é só para os pais dos filhos com paralisia cerebral, mas para todos nós.
BW

sábado, 28 de setembro de 2013

Um tesouro imperdível

Em fim-de-semana de eleições: Mário Viegas e o Manifesto Anti-Dantas.


terça-feira, 24 de setembro de 2013

Volte-face no Inglês

E, de repente, depois de muitas queixas, comentários e opiniões, o ministro Nuno Crato descobriu como o Inglês é importante no 1.º ciclo e quer que seja obrigatório. É bom quando reconhecemos o erro, mesmo que não o dizendo directamente. O importante são as crianças!
Quinta-feira é o dia europeu das línguas.
BW

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Valorização do ensino do inglês

Leia aqui o Despacho n.º 11838-A/2013, publicado a 11 de setembro de 2013, que institui as novas provas de inglês no 9.º ano. Destaca-se que as mesmas, não sendo exames, poderão contar para a classificação interna dos alunos, caso a escola assim o decida. Segundo notícia do Público, este novo projeto decorre de um protocolo entre o Instituto de Avaliação Educativa (IAVE, I.P.) e entidades como o BPI, a GlobeStar Systems Inc, a Novabase e a Porto Editora.

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

O Inglês não era obrigatório, mas a sua oferta sim

Depois de parte da esquerda parlamentar (PS e BE) rasgar as vestes porque o Inglês deixou de ser obrigatório no 1.º ciclo, o ministro veio dizer que este nunca foi obrigatório.
É um facto. Mas o que importa sublinhar é que o ensino desta língua fazia parte obrigatória das chamadas Actividades de Enriquecimento Curricular (AEC). E estas eram uma oferta obrigatória das escolas às famílias, cabendo a estas inscrever (ou não) os seus filhos. Se os inscrevessem, os meninos teriam Inglês.
Recorde-se que a decisão da ministra Maria de Lurdes Rodrigues de introduzir as AEC como obrigatórias foi muito contestada pelas escolas, que não tinham condições para manter as portas abertas, diziam; e pelos sindicatos dos professores que falavam nas escolas como armazéns onde os pais iam depositar as crianças. Os pais, que trabalham até depois das 17h00, saudaram a medida: os filhos ficavam na escola e com uma oferta de "qualidade", o Inglês, a Música, a Educação Física.
A obrigatoriedade das escolas terem esta oferta levou a que, logo no primeiro ano de aplicação da medida, apenas o município de Setúbal não aderiu. POnho a qualidade entre aspas porque se revelou que nem sempre as coisas correram bem e, de facto, em muitos casos, havia pessoas com pouca qualidade à frente das crianças ou estas acusavam o cansaço e saturação de estarem tantas horas na escola.
Agora, o caso é diferente. O ministro fala da liberdade das famílias em escolher, mas é a escola que tem liberdade de oferecer ou não a chamada Oferta Complementar. Ou seja, cabe à escola decidir se oferece a Língua Inglesa no 1.º ciclo. Segundo um diploma publicado em Julho, a Oferta Complementar deve ser aproveitada para “acções que promovam, de forma transversal, a educação para a cidadania e componentes de trabalho com tecnologias de informação e comunicação” e pode incluir também o Inglês.
O ministro defende a liberdade de escolha das famílias mas são as escolas que têm a liberdade de escolha de oferecer ou não a Oferta Complementar, repito.
Se a única escola da freguesia não tiver o Inglês como Oferta Complementar, os pais com dinheiro e dois dedos de testa podem por a criança no Inglês no instituto de línguas. E os outros pais? Os que não têm posses?
Se existirem duas escolas públicas na freguesia, uma oferecer e a outra não, os pais terão a liberdade de escolher o estabelecimento de ensino que tem o Inglês? E a escola terá a liberdade de escolha de seleccionar os alunos? E a escola que não tem o Inglês, vai abrir essa oferta no ano lectivo seguinte para não perder alunos? Ou as duas escolas vão conversar entre si e decidir que nenhuma oferece o Inglês, mas o colégio, ao lado, vai ter essa oferta e o ministério vai apoiar as famílias com o cheque-ensino.
Entretanto, o ministério também criou uma prova nacional obrigatória de Inglês no final do ensino básico, 9.º ano. Uma prova que não será feita pelo Gave, mas por uma entidade externa, Cambridge. Chegarão todos os alunos ao 9.º ano com capacidade para realizar a prova?
Em resumo: o ministério não está a acautelar que todas as crianças tenham as mesmas oportunidades educativas.
BW

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

A gaiola dourada

Imperdível!
Com ternura e humor. Mais do que um retrato sociológico, uma homenagem do realizador aos seus pais, país e comunidade.



Segundo Rúben Alves, o jovem realizador, o título do filme relaciona-se com os sonhos que os emigrantes portugueses vivem nas suas gaiolas douradas, as caves dos prédios onde, muitas vezes, as mães são porteiras.

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

No regresso à escola

"(...) ao mesmo tempo que acarinhamos o ensino obrigatório (e o modo como ele transformou o mundo, de dentro para fora das salas de aula), não devíamos assumir que o mais importante na vida de uma criança não é a escola (e, muito menos 'esta' escola)? Que mais escola não é, obrigatoriamente, mais vida e mais sabedoria? E que a escola da vida é tão importante como a ...escola?

Eduardo Sá, Expresso, 14.09.2013

domingo, 15 de setembro de 2013

Os Anjos Não Comem Chocolate



Da autoria da jornalista do PÚBLICO, Andreia Sanches, o livro Os Anjos Não Comem Chocolate nasceu de uma reportagem que saiu no Verão de 2012, numa série sobre pais. A reportagem era sobre uma mãe que perdera um filho.
Estava tão bem escrita e teve tantas reacções dos leitores que, de imediato, a Andreia Sanches foi convidada pela editora Oficina do Livro para escrever sobre o tema. O lançamento é esta terça-feira, em Lisboa.
Estou muito feliz por uma ideia minha ter resultado neste livro. Parabéns Andreia!
BW

terça-feira, 10 de setembro de 2013

Os leitores do Olimpvs.net são os mais criativos do universo!

De uma rajada, a Inês, de nove anos, leu os cinco títulos da colecção Olimpvs.net. A mãe conta que leu alguns em um, a dois dias e que, logo de seguida, pedia o seguinte. Por isso, quando soube que as autoras estavam na Feira do Livro da Ericeira, em Agosto, pediu para as conhecer, mesmo que para isso a mãe tivesse de fazer umas largas dezenas de quilómetros.
E assim foi! Conhecemos a Inês e ficámos felizes mesmo quando ficou mais desanimada por o próximo volume, o sexto, ter data prevista de saída lá para o fim do ano. "Tanto tempo...", suspirou.
Agora, a Inês deu notícias! Como está completamente fã da colecção, decidiu fazer os autocolantes que vão identificar os seus livros e cadernos escolares.
Ora vejam! E mais este!
Obrigada Inês!
BW

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Um balão de oxigénio para o privado ou um direito das famílias?

O novo Estatuto do Ensino Particular e Cooperativo abre as portas ao cheque-ensino. As declarações de Nuno Crato vão além do que o que está no diploma, este abre as portas a novas portarias e despachos que poderão levar a um maior apoio aos colégios, externatos e outras escolas do ensino particular e cooperativo.
Mas o que o ministro disse foi que - “o Estado não se restringe a apoiar turmas, como existe neste momento com os contratos de associação, mas também apoia alunos, o que abre um caminho mais directo a uma liberdade de escolha e a uma concorrência entre escolas e entre sistemas”.
Há quem acuse o ministro de querer ajudar o privado a sobreviver num momento de crise, de o cheque-ensino ser um balão de oxigenado para os colégios que vêem os alunos debandar porque a escola pública ainda fica mais barata. Talvez... Contudo, Crato sempre defendeu a livre escolha.

As escolas privadas são melhor do que as públicas? Algumas, só algumas e devido ao contexto onde estão inseridas. Não é por acaso que os lugares dos topos dos rankings têm escolas privadas e públicas que, muitas vezes, são vizinhas - servem o mesmo público.
Haverá escolas públicas com a preocupação de algum privado de querer conhecer o aluno como um todo e não tratá-lo como um número, uma coisa? Provavelmente. Haverá privados que se estão a marimbar para os alunos? Claro que sim. Não é tudo preto ou branco, há muitos tons de cinzento pelo meio. Há privados que expulsam os alunos que não interessam, assim como públicos.
Preocupa-me que com o cheque-ensino as escolas privadas possam escolher os alunos? Mas elas já o fazem. Aliás como as públicas também os escolhem e até decidem as turmas com base nas suas escolhas...
Preocupa-me que com o cheque-ensino as escolas públicas fiquem às moscas porque as famílias vão escolher os colégios? Não, se a escola for realmente boa - não só os espaços físicos mas o corpo docente, não se debaterá com esse problema. Já se for uma escola menos boa, precisa de se rever, de auto-reflectir, de mudar para segurar os seus alunos. Os professores têm de se preocupar com isso? Têm.
Preocupa-me que com o cheque-ensino o desemprego docente aumente? Não, porque este Governo está já a tratar disso. Aliás, as medidas de aumentar turmas, agrupamentos, excluir disciplinas e áreas não disciplinares e tudo o mais que venha há-de contribuir mais para o aumento do desemprego entre os professores do que o cheque-ensino.
É uma medida ideológica? Sim, como são todas as medidas políticas.
É uma medida que pode contribuir para um crescimento do fosso entre os pobres e os ricos? Talvez não, porque no ensino público há escolas de elite como há no privado - ou seja, não é igual para todos, nunca é igual.
Corremos o risco de ter escolas de primeira e de segunda? Mas não existem já? No público e no privado?
Desenganem-se os pais que acreditam no contrário - é sempre a escola que nos escolhe, a nós e aos nossos filhos, com ou sem cheque-ensino. As escolas privadas assumem esse poder, as públicas são mais discretas no seu uso.
BW

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Manual de apoio para professores desempregados

A Federação Nacional de Educação lançou hoje um manual de apoio para professores desempregados.
Pode consultá-lo aqui.