A pergunta é feita por um aluno da secundária de Miraflores, onde estive na sexta-feira a falar sobre bullying. "A escola pode contribuir para o bullying?"
É uma pergunta muita curiosa porque sabemos que o bullying se passa dentro da escola, mas até que ponto esta pode contribuir? Sim, começo por dizer e dou logo um exemplo: quando um aluno que não compreende se porta mal e é mandado para o fundo da sala, e fica lá a matutar não na sua incapacidade, mas na capacidade do outro que está na primeira fila, aquele com que ele vai implicar quando estiver forem para o recreio, aí a escola está a contribuir.
Mas o facto de terem deixado de existir as áreas não curriculares, nomeadamente a Educação para a Cidadania, não contribui também para o bullying?, insiste o jovem.
Sem dúvida, respondo, ao mesmo tempo que penso "que inteligente!" e não resisto a elogiá-lo num elogio generalizado às quatro turmas que me ouvem (três de 10.º e uma de 12.º): Vocês são miúdos privilegiados, de certeza que receberam educação em casa, informação, cultura, sabem estar numa sala de aula; mas há muitos que não sabem, há muitos que não chegam à escola com as mesmas ferramentas. E a Educação para a Cidadania, o Estudo Acompanhado e a Área Projecto foram pensadas sobretudo para esses, para os ajudar a chegar ao mesmo patamar em que vocês se encontram. Porque não basta ensinar, é preciso educar. Sim, a Educação para a Cidadania poderia ajudar a combater o bullying.
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