sexta-feira, 15 de abril de 2016

Ver televisão em família

Em casa só há uma televisão, está na sala. Não há televisão à refeição, comemos na cozinha. É preciso negociar o que se quer ver e, às vezes, até há discussões.
Há dias, para meu espanto, ela explicava um termo desportivo e lamentou-se: sabia-o por ver tantas vezes os programas da Eurosport quando o irmão não a deixa assistir aos que ela gosta. Depois ele chega à sala e resmunga porque ela está sempre a ver as mesmas sitcoms – "mas eu também vi o campeonato europeu de atletismo..." – e ele lá se senta e vê-as.

Eu faço o mesmo, sento-me e vejo. Vi as séries de desenhos animados quando eles eram pequenos, vejo as sitcoms e as séries mais teen, voltamos a rever os filmes que vimos no cinema, e, a pouco e pouco, eles vêem as séries e os filmes que eu e o pai gostamos. Nós mantemo-nos actualizados e sabemos do que gostam os miúdos da idade deles, eles ganham "cultura geral" a assistir aos clássicos do cinema.

Agora, estamos a ver a "Aldeia Francesa", na RTP2, depois do telejornal. E, de repente, a Segunda Guerra é mais do que o Hitler e os campos de concentração que já conhecem de outras séries, filmes e livros – primeiro O rapaz do pijama às riscas, depois Se isto é um homem –, é a ocupação, a Resistência, o comunismo, o racionamento, a corrupção, as mulheres de classe alta aborrecidas com as suas pequenas vidas, as relações proibidas, as crianças e a escola... E é o partilhar histórias de família, daquela que não viveu a ocupação (a portuguesa, mas sofreu com a guerra) e a que viveu (a chinesa, por parte dos japoneses, os bombardeamentos, a fuga, etc).

Se tivessemos várias televisões teríamos menos momentos de partilha, de negociação e de comunicação. Atenção, mas a harmonia nem sempre existe! Às vezes não há consenso, o aparelho desliga-se e cada um vai para o seu canto, fazer coisas mais úteis à sociedade!
BW

segunda-feira, 11 de abril de 2016

A escola pode contribuir para o bullying?

A pergunta é feita por um aluno da secundária de Miraflores, onde estive na sexta-feira a falar sobre bullying. "A escola pode contribuir para o bullying?"
É uma pergunta muita curiosa porque sabemos que o bullying se passa dentro da escola, mas até que ponto esta pode contribuir? Sim, começo por dizer e dou logo um exemplo: quando um aluno que não compreende se porta mal e é mandado para o fundo da sala, e fica lá a matutar não na sua incapacidade, mas na capacidade do outro que está na primeira fila, aquele com que ele vai implicar quando estiver forem para o recreio, aí a escola está a contribuir.
Mas o facto de terem deixado de existir as áreas não curriculares, nomeadamente a Educação para a Cidadania, não contribui também para o bullying?, insiste o jovem.
Sem dúvida, respondo, ao mesmo tempo que penso "que inteligente!" e não resisto a elogiá-lo num elogio generalizado às quatro turmas que me ouvem (três de 10.º e uma de 12.º): Vocês são miúdos privilegiados, de certeza que receberam educação em casa, informação, cultura, sabem estar numa sala de aula; mas há muitos que não sabem, há muitos que não chegam à escola com as mesmas ferramentas. E a Educação para a Cidadania, o Estudo Acompanhado e a Área Projecto foram pensadas sobretudo para esses, para os ajudar a chegar ao mesmo patamar em que vocês se encontram. Porque não basta ensinar, é preciso educar. Sim, a Educação para a Cidadania poderia ajudar a combater o bullying.

sábado, 2 de abril de 2016

A mitologia grega em Harry Potter



Para que se saiba, sou fã do Harry Potter. Dos livros e dos filmes. Divirto-me em mundos paralelos, com personagens fantásticas e felizes. No entanto, agora, ao revermos em família os vários filmes, esquecida do encanto e surpresas iniciais, constato que muitas das fórmulas de outros filmes e autores se repetem: a célebre luta entre o bem e o mal, tantas vezes recuperada (porque faz parte da essência do ser humano, claro!); as personagens que se assemelham a outras nossas conhecidas, por exemplo, ao Senhor dos Anéis (Prof. Dumbledore e Dobby); o ambiente universitário tipicamente britânico (não esqueçamos que as Universidades de Oxford foram cenário em várias cenas dos filmes) e, era a este ponto que pretendia chegar, a Grécia. Sim, Grécia Antiga! Ora vejam se tenho ou não razão e se a mitologia grega não exerceu forte influência sobre J. K. Rowling.

1. "Half-blooded" ou, em português, os "sangues de lama". Para os menos familiarizados com a linguagem potteriana, esta trata-se da designação atribuída aos filhos de um mágico/bruxo com um simples mortal. Ora, também os deuses gregos tiveram filhos com os mortais humanos! Os semi-deuses.

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2. Fluffy, o cão de três cabeças que guarda a pedra filosofal. Esta criatura é claramente uma recriação de Cérebros, o cão tricéfalo de Hades.




3. Centauro: a criatura meio homem/meio cavalo que surge no primeiro livro/filme e ajuda Harry Potter. Uma personagem fantástica dos gregos, claro.

4.  Fawkes, a fénix do Dumbledore e criatura que dá nome a um dos volumes da saga. Além disso, é uma mesma fénix que une Harry Potter e Voldemort, dado que a sua penugem faz parte das suas duas varinhas mágicas.
 
Estas constatações não retiram o mérito à autora e saga, todavia, creio, provam que as mais mágicas das criaturas foram criadas muito antes de J. K. Rowling.  Pelos gregos, claro!