Catorze anos depois, os rankings já não são uma mera ordenação das escolas com base nos resultado da 1.ª fase dos exames nacionais do secundário. Pelo menos no PÚBLICO – é engraçado observar como nos outros órgãos, à excepção do Jornal de Notícias, as listagens continuam a ser lidas de maneira tão simples e só se destacam as escolas que ficam em primeiro lugar –, desde que o Ministério da Educação e da Ciência (MEC) começou a oferecer mais dados, que houve a preocupação de os conseguir ler e interpretar. Essa análise só é possível graças aos professores Joaquim Azevedo e Conceição Portela, da Universidade Católica Portuguesa.
Para compreender como se fazem os rankings nos últimos anos, veja este vídeo.
Depois, é correr as listas de cima, abaixo, debaixo, acima, à procura de dados curiosos, à procura de histórias e é fantástico perceber o que está por detrás dos números, que escolas são aquelas que se destacam, pela positiva ou pela negativa. Há muito que no PÚBLICO deixámos de ir a correr à escola mais bem colocada, que tem sido sempre uma privada, para oferecermos aos leitores o óbvio: famílias preocupadas com a educação, que o transmitem aos filhos (e não só, há cultura, há métodos de trabalho que são fruto da educação parental e não da escola), professores e direcções empenhadas, etc. Este ano fomos à pública mais bem classificada, que já não está em Coimbra, em Lisboa ou no Porto, mas nas Caldas da Rainha; e também fomos à escola que mais se superou.
Queremos espantar os leitores, como nós próprias nos espantamos quando ouvimos, por exemplo, uma directora dizer que a indisciplina contribui (em muito) para o insucesso – facto que há muito está estudado –, mas foi por isso que as medidas assumidas pela sua escola não são só de mais apoio académico aos alunos, mas, sobretudo, de mais disciplina.
É importante observarmos como as escolas mais isoladas, localizadas em zonas mais deprimidas sentem tanta dificuldade em descolar do fim das tabelas. Muitas conseguem. É assustador ouvir um director contar que é preciso ir chamar os alunos a casa, para fazerem os exames e que estes adormecem; ou uma professora descrever como é o seu dia-a-dia quando tem de dar aulas a crianças de anos de escolaridade diferentes com dificuldades cognitivas e enorme desinteresse – como é que podem competir com as grandes escolas? Com os alunos cujos pais trabalham? Com os colegas cujos pais dão importância à educação?
Mas estes pais existem e motivam os seus filhos! Aliás, mesmo nas escolas onde os resultados são baixos, há sempre estudantes que brilham, como é o caso de Hélder Antunes, da escola de Campo, em Valongo.
Apesar dos resultados terem melhorado este ano, nunca as escolas públicas estiveram tão longe dos lugares do topo do ranking e, para isto, contribuem em muito as más políticas do MEC, como a colocação dos professores; ou a atribuição de prémios àquelas que já se destacaram, portanto, o dar rebuçados aos meninos que já estão habituados a comê-los, não chegando os doces para os que não sabem o que isso é.
No PÚBLICO há ainda espaço para opinião, muita opinião, variadíssima, contra e a favor; para entrevista; e, claro, para as listagens, com possibilidade de poder brincar com as mesmas – qual a escola que obtém o melhor resultado no distrito? no conelho? na cidade? Está tudo aqui!
BW
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