segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Pobres crianças cujos pais se demitem de as educar!

Espanta-me a falta de clarividência de quem teve a ideia, a desenvolveu e a aprovou. Falo de algumas dezenas de pessoas dos publicitários aos decisores na empresa de telecomunicações – provavelmente, gente sem filhos, ou que os tem e serão exactamente iguais às detestáveis criancinhas que passam no filme e, por isso, não estranham.

Os Fonseca têm um par de gémeas, mal-educadas, que não sabem partilhar nada e que gritam pelo pai, de cada vez que entram em conflito, seja por um alimento ao pequeno-almoço, uma peça de roupa numa loja ou qualquer outra coisa, em vários momentos do dia. Os gritos desaparecem quando, cada uma, com pouco mais de dez anos, tem um telemóvel na mão e, caladas, seguem na parte detrás do carro, enquanto a mãe, num sorriso diz "boa, pai", agradecendo ao iluminado progenitor a excelente ideia.



Recompensas às crianças mal-educadas, para que não mudem, para que assim se mantenham e não infernizem a vida dos pais – o pior será na escola, no ballet (que isto são meninas de andar no ballet), no piano, no inglês, em casa da avó... Aí, os outros que as aturem!
Lamentável um anúncio que promove a má educação, crianças que não sabem partilhar, brincar em conjunto, serem companheiras. Crianças controladas por telemóveis e outros ecrãs. Pobres crianças cujos pais se demitem de as educar! E que são mostradas na televisão como um exemplo a seguir.
BW

3 comentários:

  1. Este anúncio também me afligiu imenso...
    Para onde caminhamos quando preferimos crianças hipnotizadas por um gadget qualquer a crianças vivas?

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  2. Quando vi pensei exatamente o mesmo. Até porque tenho dois gémeos pequenos peritos em disputas. Passar-lhes dispositivos eletrónicos para as mãos torna efetivamente a vida mais fácil. Assim como deixá-los vegetar em frente à televisão. E assim se transforma a palavra Educação em Alienação...

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  3. A propósito dos desafios que os pais têm pela frente gostei muito de ler o livro do Eduardo Sá de que se fala aqui:
    http://observador.pt/especiais/livros-aprender-um-pai-porreiro/

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