É uma coisa anti-natura: os alunos não querem furos, querem aprender, querem professores.
OK, na primeira semana ainda vai. É giro, é divertido, está calor, os dias ainda são de Verão, cheiram a férias... Mas depois, depois há que pensar que há exames para fazer no final do ano. Há matéria para aprender e ninguém quer ter aulas extra – nem alunos, nem professores. Por que têm de ser castigados pela incompetência do ministério?
As escolas mais afectadas são as que têm contratos de autonomia e as que estão em Territórios de Intervenção Prioritária (TEIP). Neste último caso, as escolas que recebem as crianças mais frágeis, as que mais precisam, as dos bairros, as que os pais trabalham e não têm onde as deixar, as que as mães limpam escritórios de noite e de madrugada, as que passam fome, as que não sabem o que é o gosto pelo estudo, pelo conhecimento, enfim, as que mais precisam!
Recorde-se que estas escolas podiam escolher os seus professores. Afinal, não é fácil trabalhar com estes alunos, é preciso ter alguma predisposição, é preciso dar-lhes estabilidade... Mas este Governo, tão defensor da autonomia, cortou essa liberdade às escolas e agora estas são das principais prejudicadas com a falta de professores colocados.
Como Paulo Guinote lembra muito bem, Nuno Crato queria a implosão do ministro e conseguiu a explosão das escolas... Das escolas públicas, sublinhe-se.
Estará o ministro a fazer um enorme favor ao privado, em nome da liberdade de escolha? Porque nas escolas do sistema privado as aulas decorrem com toda a normalidade, os alunos têm todos os professores, estão a dar matéria e a preparar-se para os exames. Vai ser interessante olhar para os rankings, em Outubro de 2015.
Compreende-se a ideologia neoliberal deste Governo que se diz social-democrata mas que nada percebe de social democracia: dar cabo do sistema público de ensino, dar cabo das oportunidades dos que menos podem. Vergar a classe média remedidada e os pobres, não lhes dar acesso à educação, fomentar desigualdades, oferecer-lhes o profissional e tecnológico que não têm capacidades para mais. Estarei a exagerar?...
O ministro espera que tudo se resolva até à próxima semana.
Os professores, pais e alunos esperam que, depois da situação estar resolvida, o ministro se demita, já que não teve, até agora, a hombridade para tal.
BW
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