sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

A Princesa Laranjada à hora de dormir

"não sei se alguma vez ouviste
ou viste uma fonte falar

se é a primeira vez
tens mesmo de te preparar

o que eu tenho para contar
é uma história verdadeira
com uma princesa um príncipe
três laranjas e uma feiticeira!"


Esta foi uma prenda de Natal da nossa filha. Já a lemos várias vezes nestes dias de férias da escola que, de forma tão saborosa, nos permitem esticar a hora de dormir e, por isso, nos deitamos os quatro, debaixo do edredão e lençol de flanela, a ouvir as histórias uns dos outros. Com ele andamos a ler "As trafulhices no Coliseu" do rato da moda, Geronimo Stilton. Para ela, andamos a ler a Princesa Laranjada, a adaptação do conto tradicional "As três cidras" feita, em verso, por Pedro Sena-Lino e que aconselho vivamente a todas as princesas dos três aos doze anos. Uma mistura perfeita entre a literatura tradicional e a poesia, com a actualidade e graça que o seu espirituoso autor lhe acrescenta.
Ana Soares

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Quando se cresce demasiado depressa...

Quando o viu, passado um ano, o pediatra nem queria acreditar. "Como cresceste!". Às vezes, eles crescem demasiado depressa, dão o pulo, um dia têm um metro e meio, no seguinte, um metro e oitenta.
Na sala de aula senta-se todo torto, as cadeiras são pequenas, incómodas para estar direito durante 90 minutos. Qualquer movimento que faça é atrapalhado, os braços compridos vêem-se ao longe, e dá mais nas vistas do que o colega do lado, o que ainda não deu o pulo, pequenino e que passa despercebido.
Se vira a cabeça para o lado, o olhar do professor fixa-se nele. Se procura uma posição mais correcta para se sentar, o docente volta a olhá-lo, desconfiado. Se tem uma dúvida, lá está ele. A sala parece-lhe pequena, os colegas pequenos, as professoras pequenas e ele grande, grande e cheio de força, de energia para dispender. Porque, na verdade, ele é igualzinho aos outros: pequeno. E o que desejava mesmo era passar despercebido, mas não consegue... é grande.
BW

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

A morte lenta dos colégios com contratos de associação

A Associação de Estabelecimentos de Ensino Particular e Cooperativo está satisfeita com a promulgação do decreto-lei que prevê os apoios aos 93 colégios com contratos de associação. Cavaco Silva promulgou mas antes propôs (ou impôs, não sabemos) algumas alterações que prevêem a estes colégios irem respirando enquanto não são asfixiados.
Ou seja, em vez dos contratos anuais previstos pelo Governo, os contratos serão plurianuais, com a duração de um ciclo de ensino. Isto significa que um aluno que entra no 5.º ano tem a garantia que o Estado paga as suas mensalidades durante dois anos, até completar o 6.º ano e concluir o 2.º ciclo. Este mesmo aluno poderá não ter a mesma sorte no 3.º ciclo, caso o Ministério da Educação veja que existe vaga na escola pública vizinha.
Paralelamente aos contratos plurianuais, o Governo prevê negociar anualmente com os colégios a abertura de novas turmas no início de cada ciclo (5.º, 7.º e 10.º anos). Portanto, se este ano a escola x tem cinco turmas de 5.º ano, no próximo ano lectivo pode ter apenas duas, se houver vagas na escola pública do lado.
A gestão da rede é sem dúvida melhor mas quem fica a perder são alguns destes colégios (não todos) e os seus alunos.
BW
PS: Há três semanas, José Manuel Fernandes, ex-director do PÚBLICO escrevia assim:
"Nas escolas privadas com contratos de associação com o Estado podem andar todos os alunos da respectiva área geográfica, ricos ou pobres, só que nas tabelas do PISA não se consegue saber quais os alunos que tinham estudado nessas escolas. Há por isso que recorrer aos rankings nacionais para saber. Foi o que fiz, escolhendo três escolas privadas com contratos de associação para fazer as comparações.
A Escola Salesiana de Manique, concelho de Cascais, admite alunos de todas as classes sociais (e etnias), mas conseguiu ficar, em 2010, em 39.º lugar a nível nacional; no mesmo concelho, há outras duas grandes escolas privadas (os Salesianos do Estoril, 6.º lugar, e os Maristas de Carcavelos, 43.º) e seis escolas secundárias públicas, com posições entre o 95.º (São João do Estoril) e 469.º (Alvide).
Já em Arruda dos Vinhos não há nenhuma escola secundária do Estado, apenas uma privada que recebe todos os estudantes do concelho. Ficou em 46.º lugar. No vizinho concelho de Sobral de Monte Agraço, onde só há uma escola pública, esta ficou em 383.º. Por fim, em Torres Vedras, há duas secundárias do Estado (que ficaram em 171.º e 365.º lugares) e o Externato de Penafi rme, uma grande escola privada que inclui também ensino profi ssional, que ficou em 108.º.
Estes exemplos são elucidativos: em escolas abertas a todos os alunos, escolas privadas mas integradas na rede pública, o binómio autonomia-responsabilização tem produzido resultados claramente melhores do que o das escolas do Estado na sua vizinhança. O que, cruzando com os resultados dos alunos do privado no PISA, recomendaria o alargamento deste tipo de contratos. Mais: os dados conhecidos relativamente ao passado, e também confirmados pela OCDE, indicam que cada estudante no ensino estatal custa mais ao erário público do que cada estudante no ensino privado com contratos de associação. Ou seja, esta modalidade de ensino público em parceria tem custado menos ao Estado e tem produzido melhores resultados."


Nota: Se JMF sabe que escolas participaram no PISA podia partilhar essa informação com a ministra da Educação que não sabe!... Ou seja, não podemos misturar escolas com contratos de associação e escolas que participaram no PISA, contudo, não deixa de ser interessante a comparação que JMF faz tendo por base os rankings que, já se sabe, estão cheios de fragilidades! Mas não deixa de ser curioso porque vem comprovar a ideia de que os alunos são os mesmos, as escolas e a sua gestão é que não e essa gestão pode fazer a diferença.

sábado, 25 de dezembro de 2010

Dia de Natal de António Gedeão

Hoje é dia de ser bom.
É dia de passar a mão pelo rosto das crianças,
de falar e de ouvir com mavioso tom,
de abraçar toda a gente e de oferecer lembranças.
É dia de pensar nos outros, coitadinhos, nos que padecem,
de lhes darmos coragem para poderem continuar a aceitar a sua miséria,
de perdoar aos nossos inimigos, mesmo aos que não merecem,
de meditar sobre a nossa existência, tão efémera e tão séria.
Comove tanta fraternidade universal.
É só abrir o rádio e logo um coro de anjos,
como se de anjos fosse,
numa toada doce,
de violas e banjos,
Entoa gravemente um hino ao Criador.
E mal se extinguem os clamores plangentes,
a voz do locutor anuncia o melhor dos detergentes.
De novo a melopeia inunda a Terra e o Céu
e as vozes crescem num fervor patético.
(Vossa Excelência verificou a hora exacta em que o Menino Jesus nasceu?
Não seja estúpido! Compre imediatamente um relógio de pulso antimagnético.)
Torna-se difícil caminhar nas preciosas ruas.
Toda a gente se acotovela, se multiplica em gestos, esfuziante.
Todos participam nas alegrias dos outros como se fossem suas
e fazem adeuses enluvados aos bons amigos que passam mais distante.
Nas lojas, na luxúria das montras e dos escaparates,
com subtis requintes de bom gosto e de engenhosa dinâmica,
cintilam, sob o intenso fluxo de milhares de quilovates,
as belas coisas inúteis de plástico, de metal, de vidro e de cerâmica.
Os olhos acorrem, num alvoroço liquefeito,
ao chamamento voluptuoso dos brilhos e das cores.
É como se tudo aquilo nos dissesse directamente respeito,
como se o Céu olhasse para nós e nos cobrisse de bênçãos e favores.
A Oratória de Bach embruxa a atmosfera do arruamento.
Adivinha-se uma roupagem diáfana a desembrulhar-se no ar.
E a gente, mesmo sem querer, entra no estabelecimento
e compra, louvado seja o Senhor!, o que nunca tinha pensado comprar.
Mas a maior felicidade é a da gente pequena.
Naquela véspera santa
a sua comoção é tanta, tanta, tanta,
que nem dorme serena.
Cada menino
abre um olhinho
na noite incerta
para ver se a aurora
já está desperta.
De manhãzinha,
salta da cama,
corre à cozinha
mesmo em pijama.
Ah!!!!!!!!!!
Na branda maciezada matutina luz
aguarda-o a surpresa
do Menino Jesus.
Jesus
o doce Jesus,
o mesmo que nasceu na manjedoura,
veio pôr no sapatinho
do Pedrinho
uma metralhadora.
Que alegria
reinou naquela casa em todo o santo dia!
O Pedrinho, estrategicamente escondido atrás das portas,
fuzilava tudo com devastadoras rajadas
e obrigava as criadas
a caírem no chão como se fossem mortas:
Tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá.
Já está!
E fazia-as erguer para de novo matá-las.
E até mesmo a mamã e o sisudo papá
fingiamque caíam
crivados de balas.
Dia de Confraternização Universal,
Dia de Amor, de Paz, de Felicidade,
de Sonhos e Venturas.
É dia de Natal.
Paz na Terra aos Homens de Boa Vontade.
Glória a Deus nas Alturas.

António Gedeão

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Noite de Natal

“Há-de uma grande estrela cair no meu colo...

A noite será de vigília.

E rezaremos em línguas

Entalhadas como harpas.

Será noite de reconciliação –

Há tanto Deus a derramar-se em nós."

Reconciliação, de Else Lasker-Schuler

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Reuniões de avaliação

Semana de reuniões de avaliação. Testes, trabalhos, números em que os alunos se transformam. Sessões contínuas que surgem no desgaste de um período inteiro de trabalho. Saber olhar para além dos números, reconhecer as pessoas e vidas que os números de pauta escondem é um desafio ao qual não podemos ficar indiferentes.
Ana Soares

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Identidade

Pedro Sena-Lino no lançamento do Manual de Autobiografia:

" (...) Penso sempre que é por isso que estamos nesta terra não sozinhos mas multiplicadamente acompanhados por biliões de seres: porque a fome de cada um ultrapassa a pele, e o que nos separa é a necessidade de podermos matar a sede uns aos outros com o sentido a buscar no fundo de cada um. (...)

Acredito que uma narrativa pode salvar: é assim com a Bíblia, é assim com o Corão, é assim com milénios de Literatura que criaram a identidade em que cada ser encontra o veículo e o enigma em que pode achar-se e superar-se, e assim transgredir os limites da sua própria dimensão original."

Pedro Sena-Lino, Crónicas de Bizâncio

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Os Livros são como Casas

Porque Os Livros são como Casas, Sophie Pietromarchi, numa edição da Edicare, lança sugestões a educadores, pais ou professores para fazer livros e capas. Com uma linguagem poética, mas simples, pode também ser lido e usado autonomamente pelas próprias crianças. Sugestões práticas, num livro apetecível, que nos fala do prazer do livro, mas, essencialmente, fornece ideias.


"A curiosidade faz-me sempre abrir portas. Sempre pensei que as portas mais misteriosas eram as capas dos livros. «Porquê?», perguntas tu. Bem, primeiro porque abrem para o mesmo lado e protegem o que lá está dentro. Quando estão abertas, há um mundo novo no seu interior. Há alguma coisa numa porta ou numa capa de um livro que separa o que está dentro do que está fora e promete contar segredos. As capas e as portas falam em silêncio: a cor, a forma, a decoração, as palavras nelas escritas. (...) há alguma coisa muito parecida entre um livro e uma casa e, às vezes, entrar num livro é como entrar numa casa: podemos sentir os cheiros, ver as sombras e a luz, o ar da pessoa que vive na casa, as coisas que nela existem. Tal como uma casa, um livro é um mundo inteiro - se calhar como um ovo - só que um ovo não tem porta!"

Ana Soares

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Ideias para o Natal




Este ano decidimos embrulhar "ecologicamente" as nossas prendas. Estamos a usar o papel dos jornais e revistas que os pais compram e lêem cá por casa. Escolhemos as páginas mais bonitas, fugimos das com imagens de guerra ou tristeza. A próxima tarefa é recortar umas estrelas e, no caso das meninas, fazemos um laço em papel de jornal enrolado que depois aplicamos por cima ou usamos uns carimbos. O mais velho dos nossos filhos ficou encarregue de escrever os nomes.
Cada embrulho e preparação do mesmo é o tempo que dedicamos a pensar e falar naquela pessoa especial a quem queremos e podemos dar uma prenda, comprada ou feita. E isso também é importante para as crianças: perceberem que o mais importante é a pessoa, o que ela significa para a família e que a prenda foi escolhida com carinho e que pomos muito de nós nela!

Ana Soares

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Natal mais solidário: É DADO

A Lavandaria Caffé (em Lisboa, no parque das Nações, perto do Hospital CUF) associou-se a uma campanha de angariação de roupa. Este é um projecto muito interessante. Todos aqueles que têm roupa em boas condições e que já não precisem dela, podem deixá-la na referida lavandaria. Depois, esta fá-la chegar a uma LOJA SOLIDÁRIA da Cáritas, perto do metro de Carnide, onde, quem dela precisar, pode ir escolher roupa e levá-la. A entrega pode também ser feita na própria loja "É DADO" da Cáritas que fica na Rua Manuela Porto.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Uma manta por uma história

A psicóloga Rita Melo continua a iniciativa que começou no Natal de 2008, dar uma manta em troca de uma história, uma canção, uma lenga-lenga ou simplesmente uma história de vida.
A iniciativa vai decorrer em Lisboa e em Setúbal, no próximo sábado, em vários lares das cidades ou mesmo em casa das pessoas. Se quiser pode entrar em contacto para xritamelox@yahoo.com

Aqui fica um bocadinho de uma reportagem que escrevi há dois anos:
"Na cabeça de Rita Melo, a ideia de fazer algo de diferente neste Natal começou a tomar forma. Para os mais idosos, o que é que seria um bom presente, perguntou-se. Receber uma visita, alguém com quem falar. Essa visita poderia oferecer uma manta e em troca ouvir uma história. Rita Melo considera que cada idoso é uma biblioteca e que quando contam histórias se reinventam, que a sua expressão muda, ilumina-se. Portanto, continua, quem vai receber um enorme presente é a visita que ouvir o que o idoso tiver para contar. "Uma história é uma coisa preciosa", é a sua convicção."

Esta é uma boa acção que podemos fazer com os nossos filhos: ir visitar um velhinho, conversar com ele e ouvi-lo.
BW

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Este Natal...


... Em vez de jogos para a PSP, compre os clássicos da literatura!
Eu não tenho dúvidas e o PISA também não...
BW

Era uma vez uma velhinha...

Olhei para o livro Era uma vez uma velhinha...

Primeiro apercebi-me do formato original e da ilustração especialmente criativa. Depois, da história, que li logo ali, em pé, na livraria. Uma típica história infantil, que apela à memória, à tradição oral, ao reconto. Fiquei indecisa, na mão tinha já umas tantas compras de Natal. Deixei o livro na prateleira.

Cheguei a casa a pensar que o devia ter comprado. Pesquisei sobre a história e encontrei este vídeo que, embora numa versão um pouco diferente, recupera a mesma velhinha. No entanto, quanto à originalidade, esta edição da Dinalivro parece-me imbatível!

Ana Soares

sábado, 11 de dezembro de 2010

As dúvidas que o PISA coloca...

... são respondidas aqui .
E mais um trabalho bonito (eu adoro fazer trabalhos bonitos!, este com uma ajudinha da Natália Faria) sobre as escolas portuguesas seleccionadas pela OCDE para fazerem parte de um compêndio de arquitectura escolar. Aqui e aqui . Acho que só as fotografias deste trabalho merecem que hoje vá à rua e compre o PÚBLICO!
Bom fim-de-semana!
BW
PS: Eu não tenho dúvidas que um bom ambiente escolar, uma escola bonita, confortável, é meio caminho para o sucesso! Mas não é tudo.

Ainda o Estudo Acompanhado

Aguardam-se esclarecimentos sobre a notícia do post da Bárbara.

Pessoalmente, não sei ainda se aquelas são boas notícias, pois no dia três do corrente mês parecia que o Estudo Acompanhado tinha acabado.

Agora temos uma notícia que nos diz que este é obrigatoriamente para a disciplina de Matemática (pelos vistos deu-se a ressurreição desta área disciplinar!). Depois, a mesma notícia diz que as escolas podem escolher e decidir se as referidas horas, afinal, são para o Português ou para as ciências.

As potenciais boas notícias são, efectivamente, a consciência de que é preciso investir no ensino da nossa língua materna e da matemática.
Não esqueçamos que no próximo ano entram em vigor novos programas do básico para estas duas disciplinas e, nos dois casos, os programas foram feitas para mais do que a actual carga lectiva...
Além disso, não esqueçamos também que estes são os dois domínios do saber responsáveis pelo sucesso dos alunos em todos os outros.
Por último, não esqueçamos que, apesar dos resultados do Pisa, os nossos resultados nacionais ainda deixam muito a desejar.
Manifesto desde já a minha curiosidade relativamente à outra novidade da notícia: as tutorias digitais, nomeadamente na área do Português. Como? Quem? Quando?

Acabo como comecei: aguardam-se esclarecimentos para perceber se estas são, efectivamente, boas notícias.


Ana Soares

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Estas parecem-me (mais) boas notícias

Sócrates anunciou novas medidas no Parlamento.
Afinal o Estudo Acompanhado não vai acabar, vai ser destinado ao reforço na Matemática, Português e Ciências.
Acho graça à tutoria virtual, para isso, é preciso que todos os alunos tenham computador...
As medidas para o programa Mais Sucesso e para as escolas TEIP também me parecem bem. Mais uma vez, para os alunos que mais precisam, aqueles que nos fazem ficar mal nas estatísticas e não só.
BW

Confirmado Novo Acordo Ortográfico para 2011/2012

Foi ontem oficialmente decidida em Conselho de Ministros a adopção do Novo Acordo Ortográfico nas escolas no ano lectivo 2011/2012. Além disso, é já em Janeiro próximo que as novas regras ortográficas serão também aplicadas a toda a actividade do Governo e seus organismos, entidades e serviços que dele dependem.

Para facilitar, a todos, esta transição, estão disponíveis duas importantes ferramentas oficiais de que já aqui falámos: o conversor Lynce e o VOP (Vocabulário Ortográfico Português). Neste último, agora escolhido como lista oficial, basta introduzir no canto supeior direito a palavra sobre a qual temos dúvidas e o mesmo mostrar-nos-á a forma adequada assim como a possibilidade de dupla grafia, se esta hipótese se colocar.
Introduzi, por exemplo FACTO. e o resultado foi o seguinte:

fac·to
nome masculino
Singular

facto


Plural
factos

variante AO :
fato (Brasil)

Não escolhi este exemplo inocentemente. Este tem sido aquele que mais vezes tenho ouvido (erradamente) ser apresentado como uma das mudanças que o Novo acordo traz.

Recordo: só caem as consoantes que não se pronunciam.

Nós, em Portugal, pronunciamos faCto, pelo que o C não cai na variedade europeia. Os nossos irmãos além atlântico não o pronunciam, pelo que a palavra assume uma dupla grafia e no Brasil se escreve FATO. E como uma colega minha, brasileira, dizia com muita graça, eles têm o terno, não precisam do fato como nós!

Ana Soares

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Fim do EA e AP no básico

As escolas não sabem oficialmente, mas já toda a gente sabe. Fim da AP no básico e, possivelmente, do EA . Milhares de horários em questão. Apesar de concordar com a redução da carga horária dos miúdos no básico (eles têm tantas disciplinas e horas!), esta medida deixa adivinhar mais um ano difícil para as escolas e professores...


Da entrevista ao Eng. Sócrates pelo PÚBLICO a propósito dos resultados do PISA:


Estão previstas mudanças nos currículos do 3.º ciclo que fazem cair a Área de Projecto e o Estudo Acompanhado, áreas onde os alunos trabalhavam Matemática e Língua Portuguesa. Não é um retrocesso?

A decisão não foi tomada em função dos cortes, mas por razões pedagógicas. É melhor ser a escola a decidir se há Estudo Acompanhado e este deve ser orientado para as disciplinas onde há mais necessidades e para os alunos que mais precisam.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Fim do pagamento da correcção dos exames nacionais

A RFM noticiou o fim do pagamento da correcção dos exames nacionais do secundário. Em contrapartida, ouvi também na notícia das 12h, os professores serão dispensados de quaisquer outras tarefas durante o período da correcção.
Aguardam-se as reacções.

Ana Soares

O Facebook e o conceito de "amizade"

A minha filha, de 11 anos, quis criar uma conta no Facebook. Depois de centenas de milhares de crianças da mesma idade e mais novas estarem nesta rede social, acabámos por ceder, em nome da sua vida social.
No primeiro dia do mês tratámos do assunto:
1. Ao princípio, ela só escolheu as pessoas de quem era, de facto, amiga. Umas dez.
2. Depois, voltou a rever as listas dos amigos e encontrou outras de quem gostava e que queria tornar-se "mais amiga". Aumentou para 15.
3. Nisto, começaram a "chover" pedidos de amizade. "Olha! Esta é uma das populares! Porque é que ela quer ser minha amiga? Nós nunca falámos..."; "Este foi da minha turma, mudou de escola e quando me encontra só me diz "olá", porque é que quer ser meu amigo?"; "A x é mázinha para mim..."; "O y está sempre a gozar comigo..."; "Mãe! Como é que é possível a z ter 523 amigos?!". Duas horas depois de termos criado a conta, tinha 30 amigos.
E de repente começámos a reflectir sobre o conceito de "ser amigo". O que é a amizade?
A amizade não são definitivamente os amigos do Facebook. Por isso, a lista dela continua a crescer. Não tarda tem uma centena de "amigos"...
BW

domingo, 5 de dezembro de 2010

O meu avô

O meu avô fascista - era assim que eu o apelidava, mas de maneira carinhosa (!) porque foi procurador à Câmara Corporativa e, mais tarde, convidado por Marcelo Caetano (seu professor na Faculdade de Direito) para o cargo de presidente da câmara de Loures.
O meu avô não era fascista - diz Manuel Braga da Cruz que Portugal não teve um regime fascista mas autoritário -, teve um pide à porta durante todo o tempo que assumiu cargos políticos (talvez antes também lá estivesse, mas o meu avô era distraído e nunca reparou). Um dia foi chamado pelo presidente do Conselho porque numa entrevista disse que em Loures não havia comunistas mas pessoas com fome. Marcelo Caetano não sabia o que era pior se o comunismo, se a constatação pelo presidente da câmara de que havia fome!
Não foi personagem digna de registo, as suas fábricas não foram nacionalizadas nem tomadas de assalto pelos trabalhadores, sinal de que foi um patrão justo. As malas estiveram feitas para partir para o Brasil, mas não foi necessário.
O meu avô padrinho, benemérito, caridoso ou, como se diz agora, solidário - foi padrinho de centenas de crianças e assumiu as suas responsabilidades. Ainda jovens chegavam a Lisboa, vindas da terra (da província!), ficavam em sua casa. Ele arranjava-lhes trabalho, orientava-os na vida, escrevia cartas de recomendação, pedia a este ou àquele amigo para empregar o seu afilhado ou afilhada. Deixava estudar os que queriam estudar. Quando chegávamos à aldeia, só ouvíamos "ó padrinho", seguido de um pedido. O meu avô ouvia em silêncio e dizia: Vou tratar disso, fosse um problema de emprego ou familiar.
O meu avô empreendedor, com o toque de Midas - poderia ter feito o seu caminho no exército, onde se ficou por capitão (patente que antecedia o seu nome, era "o capitão Baptista"); mas preferiu a vida civil, criou empresas, fábricas, dedicou-se à agricultura. Procurava as técnicas mais modernas, usadas na Alemanha, nos EUA ou em Israel e exportava-as, aplicava-as. Era um visionário e tinha a força e a coragem de concretizar o que imaginava.
O meu avô sovina - estava-lhe nos genes, herdados dos cristãos novos da Beira Baixa. Há uns dias encontrei um envelope do meu aniversário, de 1988, onde apontei as quantias que cada um me tinha oferecido, ele que era quem tinha mais, foi o que deu menos, cinco mil escudos. Foi assim com os filhos e com os netos, obrigando-os a fazer o seu caminho, não queria gente dependente, mandriona, a viver à conta dele.
O meu avô ausente - as refeições eram feitas em silêncio. Ele era o chefe da família, tinha um lugar de destaque à mesa e uma criada plantada atrás dele para acorrer a todos os desejos do "senhor capitão". Ele comia pão integral, alho crú, muita fruta, legumes e tudo o que o fizesse viver centenas de anos. Nós comiamos calados, se nos ríssemos olhava-nos com tal dureza que engoliamos o riso. Nunca se riu connosco. Quando nos falava era para desenhar o nosso futuro. Queria um neto advogado (seria eu), um farmacêutico, um engenheiro, um arquitecto... Teve azar! Eu fiz dois anos e mudei de curso - a última carta que me escreveu (comunicava connosco por escrito, embora morássemos na mesma casa) pedia-me que eu fosse terminar Direito. Antes de mim, o filho também o contrariou, embora seja professor universitário, não é de Direito!
O meu avô velhinho - não viveu centenas de anos, viveu 96 anos e nove meses - com o passar do tempo tornou-se uma criança, como todos os velhos. A máscara da dureza caiu e ria-se para nós, fazia-nos festas, apertava-nos as mãos como quem diz que ama e que está agradecido pela família que tem. Podia ter morrido sozinho, mas o tempo apaga as mágoas, os gestos frios e as palavras ditatoriais ficaram lá longe e ali só estava um velhinho.
Levei a véspera e o meu dia de anos a tratar de papéis, a certidão de óbito, a funerária, os avisos à família, a escrita do obituário, a cerimónia fúnebre, a receber os pêsames, logo seguidos pelos parabéns. O resto da família esteve perdida em lágrimas e emoção pela perda do velhinho, não do homem que foi, nem do que construiu.
Já o sabia, mas confirmei que tenho muito dele em mim: sou prática e organizada, sei o que quero para o futuro dos meus filhos (embora vá ter azar, como ele teve!), mas não quero cometer os mesmos erros. Por isso, adoro apertar as mãos dos meus filhos, beijá-los; adoro abraçar os meus sobrinhos até os sufocar, de estar disponível para todos, de rir às gargalhadas à hora da refeição, de não os olhar com dureza (embora às vezes me apeteça), de estar sempre presente.
José da Silva Baptista morreu dia 3 de Dezembro, às 17h05, em sua casa, em Lisboa. Foi sepultado no jazigo de família em Valverde, Fundão, no dia 4 de Dezembro. As serras da Gardunha, de um lado, e a da Estrela do outro, estavam brancas de neve.
BW
PS: Na foto, o meu avô inaugura a chegada da água canalizada a Montemor, Loures.

Carta a um Filho

A Esfera dos Livros publicou o poema If de Rudyard Kipling numa edição de luxo, com tradução de Isabel Stilwell e ilustração de Mauro Evangelista.
O livro, embora muito grande (tão grande que não cabe nas prateleiras cá de casa, senão deitado!), é lindissimo. As ilustrações de Mauro Evangelista são cheias de simbolismo e recurso a muitas personagens dos clássicos - dos gregos aos europeus -, o que permite fazer muitas leituras do mesmo livro.
Quanto ao poema de Kipling, o autor do Livro da Selva, e prémio Nobel da Literatura, aqui ficam as primeira e última quadras:

Se fores capaz de não perder a cabeça quando todos à tua volta
Perdem a deles e te culpam por isso,
Se fores capaz de confiar em ti mesmo quando os outros duvidam,
Mas aceitando perguntar a ti mesmo se não terão um bocadinho de razão;
(...)
Se és capaz de preencher o fugaz minuto
Com sessenta segundos vividos plenamente,
Tua é a Terra e tudo o que nela existe,
E - o que mais importa - serás um Homem, meu filho!

O poema vale mesmo a pena!
Uma boa prenda de Natal, para ler e discutir com eles.
BW

sábado, 4 de dezembro de 2010

Amiga!

Amigo
Mal nos conhecemos
Inaugurámos a palavra «amigo».

«Amigo» é um sorriso
De boca em boca,
Um olhar bem limpo,
Uma casa, mesmo modesta, que se oferece,
Um coração pronto a pulsar
Na nossa mão!

«Amigo» (recordam-se, vocês aí,
Escrupulosos detritos?)
«Amigo» é o contrário de inimigo!

«Amigo» é o erro corrigido,
Não o erro perseguido, explorado,
É a verdade partilhada, praticada.

«Amigo» é a solidão derrotada!

«Amigo» é uma grande tarefa,
Um trabalho sem fim,
Um espaço útil, um tempo fértil,
«Amigo» vai ser, é já uma grande festa!

Alexandre O'Neill, in 'No Reino da Dinamarca'

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Ler a meias

Ele já lê, mas demora ainda algum tempo a avançar nas histórias, pelo que fica impaciente e cheio de vontade de virar páginas. Por outro lado, (ainda) não me apetece deixar de lhe ler (será que me vai apetecer algum dia?). Já me imagino a sentir falta daqueles mimos do fim do dia em volta de um livro e uma boa história. Assim, agradando aos dois, lemos a meias. Uma página lê ele, a outra leio eu. Se for bd, cada um lê uma vinheta. Mas às vezes fazemos um bocadinho de batotice. Deixo-o ler a página que tem a parte mais emocionante da história ou uma ilustração de que ele gosta especialmente. É batota, mas acho que ele não se importa. Até ver...

Ana Soares

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Quem manda lá em casa? IV

Subscrevo as ideias da Bárbara. Acrescento só que fiquei a pensar na resposta à pergunta que deu o nome a este debate da PAIS e Filhos.


Quem manda lá em casa?

A geração dos nossos pais e avós diria sem hesitações:
São os pais que mandam!

A nossa geração queixa-se e diz:

São eles que mandam! Mandam nas compras do supermercado (porque os pais deixam que eles mandem, por isso não se queixem, pais); mandam nos horários (porque tem de ser); mandam nas horas de sono, etc, etc.


Os nossos filhos fazem parte do nosso projecto de família, do nosso projecto de realização enquanto ser humanos. Assim sendo, é claro que, apesar das mudanças que ter filhos traz às nossas vidas, somos nós que mandamos! No nosso caso, muito claramente, fomos nós que escolhemos este projecto que iria mudar a nossa vida, ritmos, horas, opções, mas que, acima de tudo, nos iria fazer muito felizes. E faz! Sem dúvida.

Ana Soares



terça-feira, 30 de novembro de 2010

Quem manda lá em casa? III


Descomplicar, simplificar, olharmos para os nossos filhos e nada de transmitirmos stress desnecessário, recomenda Patrícia Bandeira, educadora de infância no Externato da Torre.
Um casal mostra-se preocupado com uma criança de 14 meses, um "piratinha"; outro preocupa-se com uma menina de dois anos e meio, que é "terrível". Se os apelidarmos é meio caminho andado para que se transformem naquilo que lhes chamamos, alerta Helena Águeda Marujo.
Helena Águeda Marujo e Paulo Oom concordam em muitas coisas mas há uma que me chama a atenção: Provavelmente nunca houve geração de pais tão preocupados com a educação dos filhos como os actuais. Provavelmente muitos dos "problemas" que os miúdos têm devem-se à atenção e à pressão que exercemos sobre eles. Muitas vezes, na busca da solução, acabamos por arranjar mais problemas, alertam.
Porque é que os pais não vão jantar fora, à luz das velas, sugere Patrícia Bandeira. Porque a vida do casal é importante para a estabilidade dos filhos.
BW
PS: Doug Savage, o cartoonista das galinhas, foi dado a conhecer por Helena Águeda Marujo. Obrigada.

Quem manda lá em casa? III

Que pais queremos ser?, pergunta a psicóloga e professora Helena Águeda Marujo, no mesmo encontro promovido pela PAIS & Filhos.

Que valores e que emoções é que mandam na nossa casa?

Onde é que pomos a nossa atenção? Há vida além dos filhos? E o casal?

Qual o sentido da nossa existência? Que valor tem a parentalidade nesse sentido dado à existência?

Que histórias ou estórias podem influenciar o nosso modo de educar, de estar na vida, de estar com os outros? Até que ponto não reproduzimos histórias passadas?

Quem muda? Quem aprende? Os adultos podem aprender? Os adultos podem transformar-se? "A nossa capacidade de aprender é estimulada pela parentalidade", começa por dizer Helena Águeda Marujo, como que a responder antecipadamente a todas as perguntas que coloca.

BW

Quem manda lá em casa? II

Somos de certeza nós! Por mais medo, mais inseguranças, mais stress, mais dúvidas que tenhamos, temos que ser nós!
A ideia de reunir a educadora Patrícia Bandeira, a psicóloga Helena Águeda Marujo e o pediatra Paulo Oom foi da PAIS & Filhos, a revista que ajuda muitos de nós a ser educadores mais atentos. Foram três horas de perguntas e respostas.
Não há fórmulas mágicas, diz Paulo Oom, mas há pistas que os pais podem seguir. Por exemplo, criar um bom ambiente em casa, com "pais e filhos que se divertem, a tarefa de educar é mais fácil", defende.
Há que escolher bem as batalhas, ou seja, há coisas graves em que devemos claramente intervir; há outras que nem por isso e não devemos dar a importância que por vezes damos (como os amuos). Educar dá trabalho, é preciso muita paciência, conhecer os nossos próprios limites e "saber sair de cena".
A ideia de "sair de cena" é inovadora para mim e vou experimentá-la, diz que é melhor do que começar aos gritos. No fundo, é respirar, ser sincera e dizer: "Agora, estou irritada, já falamos". Na verdade é aquele "contar até dez" que muitos tentam fazer (ou fazem mesmo, eu sou das que tentam e só chegam ao três porque ao quatro já estou a falar uns decibéis acima da norma). Quando era pequena, o meu pai dizia que eu devia ter um botão no boca e pô-lo e tirá-lo três vezes antes de dizer fosse o que fosse... Parece que continua a ser uma mensagem válida!
BW

II Encontro Internacional do Português - Novos Desafios no Ensino do Português

3 e 4 de Dezembro de 2010

Departamento de Línguas e Literaturas
Escola Superior de Educação
Instituto Politécnico de Santarém

Numa altura em que se reconhece a necessidade de melhorar os níveis de desempenho e de literacia dos alunos de Português, especialistas da língua portuguesa e professores dos diversos níveis de ensino têm procurado articular esforços no sentido de reflectir sobre os desafios que se têm vindo a colocar ao seu campo disciplinar.

O II Encontro Internacional do Português pretende, nesta linha, constituir-se como um espaço privilegiado de encontro e diálogo, que proporcione a partilha de experiências e a reflexão sobre os desafios que actualmente se colocam à acção dos profissionais ligados ao Português e seu ensino, em Portugal e além fronteiras.

Os eixos temáticos do Encontro são, por isso:
- Acordo Ortográfico
- Novos Programas de Português e Metas de Aprendizagem
- Terminologia Linguística
- Português Língua não Materna
- Metodologias para o Desenvolvimento de Competências em Língua e em Literatura


PROGRAMA PROVISÓRIO e FICHA DE INSCRIÇÃO
Disponíveis em aqui

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Antes das compras de Natal

Aproxima-se o Natal.
Fazem-se listas dos possíveis brindados com prendas.

Ideias, pedidos, oportunidades começam a preencher os espaços em branco.

Mas antes de avançarmos para as compras, sugiro:

- Compre o que é nacional. É uma frase feita, um chavão, mas faz sentido, sobretudo em época de crise. Dos doces aos enchidos; dos autores, música até roupa, há de tudo e a todos os preços!

- Escolha prendas ecológicas (poucas pilhas, plásticos; quem sabe uma ecobola para a sogra e um compostor para o sogro!)

- Privilegie brinquedos que valorizam as aprendizagens, as relações entre pares. Não precisam de ser grandes nem electrónicos!

- Compre livros. Em formato de livro de bolso, edições especiais ou económicas. De preferência de autores portugueses (para os adultos, por exemplo, José Luís Peixoto, Saramago, Eça de Queirós; para as crianças, por exemplo, Ana Maria Magalhães, Alice Vieira, António Torrado, David Machado, entre tantos outros).

- Ofereça presentes solidários, por exemplo, àquela tia a quem já não sabe o que oferecer! Espreite aqui algumas sugestões. Para os que têm dúvidas quanto a estes projectos e seriedade dos mesmos, posso dizer que nos últimos dois anos comprei um telhado de zinco, uma cabra e um kit escola para oferecer e tudo correu bem e foi entregue a tempo e horas.

-Use a imaginação e o coração com prendas personalizadas e económicas, feitas em casa: desenhe ou use fotografias em molduras feitas de tecido. Recicle e faça enfeites para a árvore de Natal, ganchos para o cabelo das meninas, porta-chaves para os rapazes. Escreva ou compile poemas, ofereça livros/cadernos personalizados. Envolva os mais pequenos, faça o Natal em família a baixos custos!

Ana Soares

sábado, 27 de novembro de 2010

Sobre o "Livro"

Do facebook oficial de José Luís Peixoto, para perceber melhor o "Livro":
Sandra Cunha Adorei o romance, mas a 2ª parte foi a que me mais que cativou. Acho que faz renascer o objecto que seguramos nas mãos e, a mim, fez-me sorrir e falar com o Livro.
José Luís Peixoto (oficial) sandra, fico tão feliz que tenha feito essa leitura da segunda parte do romance. a ideia era mesmo essa: fazer renascer o livro nas suas mãos... não podia ter encontrado palavras mais certas para descrever a minha intenção ao escrevê-la. MUITO OBRIGADO.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

A verdadeira história do Capuchinho Vermelho

E se, afinal, o lobo não fosse o mau da fita?

"É oficial: o Capuchinho Vermelho foi destronado do lugar de top. Um estudo de opinião demonstrou que tu achas que o Lobo é o mais simpático da Floresta"

Não tenho nada contra os contos tradicionais (apesar de, em alguns casos, gostar mais de outras histórias e livros). Acho que as crianças não ficam traumatizadas com elas e que as mesmas fazem parte de uma tradição e legado que temos de lhes passar. Mas esta versão da história do Capuchinho Vermelho (que também não é politicamente correcta) é uma boa forma de olhar de outro ponto de vista para a mesma história. Os mais pequenos adoram a história: tem pequenos pop-ups, traz duas cartas que podem sair do envelope para se ler e surpreende página a página. Os adultos divertem-se pela originalidade da história e pelo humor.

Ana Soares

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Em véspera de dia de greve...


Filha, neta e bisneta de gente empreededora, não bebi no leite materno conceitos como greve, manifestação, protesto, contestação... Mas amanhã é dia de greve.

Desculpem a falta de solidariedade, mas não estou especialmente preocupada com os cortes na função pública, embora esses venham afectar o consumo e a economia; e, a longo prazo, vão prejudicar o bom funcionamento de áreas como a educação ou a saúde.

Esta é uma greve só para funcionários públicos? Não. É uma greve para todos os que estão descontentes com o rumo do país, com os pedidos constantes de sacrifícios e a má gestão dos bens públicos. É uma greve para aderir por todos os que são contra os cortes no IRS e no abono de família, contra os aumentos do IVA. E estes afectam todos.

Mas mais do que uma greve, que pára o país - e este não está em condições de parar -, o ideal era os sindicatos terem agendado uma manifestação. Todos, em todo o país, na rua às "x" horas, durante uma hora, em silêncio. Nada de "a luta continua", nem "Sócrates para a rua", nada de palavras de ordem. O silêncio. Depois, cada um voltava para o seu local de trabalho e prosseguia a sua jornada. Para mostrar um povo preocupado, mas comprometido. Se eu mandasse na UGT ou na CGTP era assim que eu faria!

BW

Sair da crise? Mas como?

Vox populi

Uma surpresa chamada Bento XVI

Não tem o ar mais simpático do mundo. Na verdade, não é fotogénico porque ao vivo parece um velhinho amoroso. Quando foi escolhido, não se augurava nada de bom: já idoso, um intelectual e alemão. Suceder a João Paulo II não era fácil. O anterior Papa era uma verdadeira pop-star, sabia usar os media como ninguém.
Mas Bento XVI tem sido uma surpresa! Um homem atento ao mundo em que vive. Desde sábado que Bento XVI vem surpreendendo o mundo. Primeiro as declarações que surgem no livro Luz do Mundo sobre o uso do preservativo, com as devidas salvaguardas para a importância de vivermos com dignidade a nossa sexualidade. Bento XVI diz claramente que o preservativo não é "uma solução verdadeira e moral", mas que em casos concretos possa ser utilizado, "pode ser um primeiro passo na direcção de uma sexualidade vivida de outro modo, mais humana". Estas declarações custam a alguns que parecem mais papistas do que o Papa.
No mesmo livro, Bento XVI admite resignar se ficar incapacitado. Mais uma porta que se abre.
BW

Mas a poesia é noite escura

Lembrei-me deste poema quando analisei com os meus alunos uma crónica de Ricardo Pereira Araújo, na revista Visão, acerca de uma entrevista deste a Adília Lopes. Se tiverem coragem, leiam os dois textos. Caso contrário, fiquem , pelo menos, com o poema desta original poetisa portuguesa.
Ana Soares

Degrau a degrau
verso a verso

o poema
a escada

***

No metro
cruzam-se as pessoas
como cartas de jogar
postas sobre a mesa

***

Dia
sem poesia
não é dia
é noite escura

Mas a poesia
é noite escura

***

Mesmo
uma linha
recta
é o labirinto
porque
entre
cada dois pontos
está o infinito

Adília Lopes in Caderno, & Etc, 2007

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Sou só eu que não acho graça?

De manhã ouço alguém dizer: "A segunda circular está limpa e tudo por causa de um preto!". Gargalhada geral. No Facebook, uma amiga escreve: "O Obama já chegou e vai ficar em casa de um primo na Damaia", a última vez que vi, os comentários iam nos 20 e todos no mesmo sentido: "Na Damaia não, na Buraca!", "...na Cova da Moura", "Ouvi dizer que vão fazer fubá numa fogueira lá na "praceta"..." e continuam.
E agora, quem não achou graça, pergunta: quem são estes amigos? O Zé Manel Taxista? Não! É gente de classe alta, formada, bem posicionada e que olha para o Presidente dos EUA como o preto da Buraca. Ah! Não são comentários racistas, são só políticos, gostam mais dos republicanos... Fui eu que não percebi.
Graça tem este comentário que me mandaram a meio da manhã: "À chegada de Obama, milhares de funcionários públicos de Lisboa, agraciados com a tolerância de ponto, gritaram: "Yes, weekend!"
BW

Quem manda lá em casa? I

A Pais & Filhos em parceria com a clínica Gerações organizou um debate utilissimo!
"Quem manda lá em casa?"
Autoridade e Disciplina vão ser os pontos de partida para a psicóloga Helena Marujo, conhecida por desenvolver a Psicologia para o Optimismo; o pediatra Paulo Oom; e a educadora de infância Patrícia Bandeira.
Vai ser na sala 1 do cinema S. Jorge, em Lisboa, terça-feira dia 30, às 18h00. Não é pago, mas é preciso fazer reserva para: 214 154 584 ou paisefilhos@motorpress.pt .

Um país parado por causa da cimeira

Diz quem vem daqueles lados que o IC19 está completamente vazio. Há muito funcionário público a dormir na Amadora, Cacém, Agualva, Queluz e terras adjacentes! Não tenho dúvidas que em termos de política internacional é bom ter o nome de Portugal presente, como no Tratado de Lisboa ou agora com a Cimeira da Nato.
Portugal descobriu uma vocação, uma qualidade: a de bem receber. Somos os vencedores dos concursos de catering no Mundo! Somos bons anfitriões, sabemos receber bem, temos uma culinária espectacular e se o dia estivesse bonito, tudo seria perfeito!
O que pergunto é se nas contas de merceeiro entre o deve e o haver, se esta vocação compensa. Compensa dar tolerância de ponto a um país que pouco produz? Compensa ter empresas privadas na área onde a cimeira acontece fechadas ou a meio gás por questões de segurança dos políticos? Compensa ter os funcionários dentro do centro comercial Vasco da Gama, nas lojas e restaurantes circundantes, e não ter consumidores? Quanto custa a cimeira a um país endividado? Valerá mesmo a pena? Espero sinceramente que sim.
BW
PS: Suspeito que hoje estará mais gente "de cimeira", que dia 24 "de greve".

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Fim das reduções?

Sugiro a leitura do post de Aventar que refere, na sequência de uma reunião entre o Ministério da Educação e Directores de Agrupamentos, algumas possíveis mudanças na carreira docente, por exemplo, o fim das reduções por  funções/cargos, incluindo o de direcção de turma.

22 horas reais e, além disso, os cargos! Fico sem palavras. Se com redução, este trabalho, feito de forma séria, já exige que se dê, por vezes, do tempo da família, do tempo do lazer e do descanso (sim, porque os professores são humanos e também precisam destas coisas para terem "o copo cheio" e poderem ir felizes para a escola) ... se tais reduções terminarem, não sei. Daremos todos em loucos!
Ana Soares

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Mês de Saramago

A celebrar o nascimento de Saramago, que podemos lembrar aqui nas palavras do próprio, algumas iniciativas, das quais destaco o filme já em exibição, Pilar e José. É ainda possível ler aqui uma entrevista a Pilar sobre este tema.
Ana Soares


Ana Soares

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Este país é só para velhos?

Por ano há 75 mil portugueses que saem do país. São pessoas em idade activa e em idade fértil. Onde é que vão trabalhar e ter filhos? Nos países que lhes abrem as portas, nos países onde o seu trabalho é valorizado, nos países onde podem ter os filhos e têm apoio para os ter.
Porque é que não se apostam em políticas sérias de natalidade? Em políticas sérias de educação? Em políticas sérias de apoio aos pais trabalhadores? Em vez disso, cortam o abono de família, cortam os ordenados, cortam os apoios à educação. Quem é que vai continuar a pagar as pensões?
BW

À espera do Novo Acordo Ortográfico

Continuamos a fazer a colecção (coleção) do Expresso + Novos (Portugal: Dez séculos, dez histórias) de que já vos falei aqui. Depois de ler o livro e ver as ilustrações ao longo do fim-de-semana (fim de semana), fazemos revisões da matéria dada, ao ritmo de um século por cada cinco diaas úteis, no carro, ora ouvindo a Bárbara Guimarães, ora cantando as músicas do Gonçalo Pratas e da Inês Pupo, isto de segunda-feira a sexta-feira.
Mas hoje falo-vos desta colecção (coleção), pois reparei numa nota curiosa que os livros trazem:


"Esta colecção foi desenvolvida em 2010 sem o novo acordo ortográfico, pelo facto de o mesmo não estar ainda implementado nas escolas."

Excepto (exceto) a comunicação social, é verdade que o resto do mundo parece estar à espera que os manuais escolares e a escola adoptem (adotem) o novo acordo. Num país onde uma lei pode rapidamente deixar de o ser, se calhar até se compreende esta atitude de prudência. Ora afinal, quando a escola adoptar (adotar) o novo acordo isso será sinal que o novo acordo irá mesmo avançar! Se é para vir, que venham pois os manuais, calendarização e orientações do ME relativamente a esta questão!
Ana Soares
PS - este texto foi escrito de acordo com a nova ortografia, mas, depois de o reler, resolvi reescrevê-lo e deixar as novidades assinaladas entre parentesis. Vou esperar que a escola introduza as novidades!

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Cavaco e o ensino privado

Confesso que estive desatenta à actualidade de domingo. Era domingo, dia de descanso!
Por isso, esta manhã fui surpreendida com as declarações de Cavaco Silva, durante a inauguração de um colégio que começou a funcionar este ano lectivo, o Pedro Arrupe, no Parque das Nações, um projecto do grupo de construção civil Alves Ribeiro e dos jesuitas.
O Presidente da República diz: a missão de educar "deve contar com as instituições privadas".
"Não podemos prescindir, bem pelo contrário, da competição que estabelecem entre si e com o sector público. Deve haver multiplicação e diversificação na escolha e nas oportunidades, sem o que é a própria liberdade de ensinar e aprender que fica comprometida."
Cavaco Silva pede mais ensino privado: "Diversidade, competitividade e capacidade de livre escolha implicam que se alargue e multiplique a oferta e se deixe que cada um se afirme na sua capacidade de ter êxito".
O Presidente critica ainda a actuação do Ministério da Educação: "Espera[-se] e exige[-se] que a acção política, no seu relacionamento com a sociedade civil, assente na transparência e na abertura ao diálogo. Perante as dificuldades e incertezas que o País atravessa, essa actuação tem que pautar-se, mais do que nunca, por critérios de previsibilidade e estabilidade".
Cavaco Silva deixou o ensino particular e cooperativo satisfeito. Estará em pré-campanha?
BW

A minha vida num livro - manual de escrita

Pedro Sena-Lino, formador de Escrita Criativa, é o autor deste guia informal que inicia o leitor comum na escrita da autobiografia. A minha vida num livro é publicado pela Porto Editora a 17 de Novembro.

Há quem tenha a intenção de escrever sobre a própria vida, mas não sabe por onde começar, como continuar ou sequer se vale a pena. Com este livro, Pedro Sena-Lino guia o leitor por um caminho de escrita que o leva a transformar as experiências mais loucas, tristes e maravilhosas num registo de qualidade e significado… a preservar.
A sessão de lançamento acontece a 17 de Novembro, em Lisboa, na Livraria Bertrand do Chiado, às 18:30, com um debate em torno da memória, que vai contar com a participação da professora universitária Paula Morão, do especialista em património Fernando Mascarenhas e do neurologista Miguel Viana Baptista.
No Porto, a 29 de Novembro, um debate semelhante ocorre, também às 18:30, na FNAC de Santa Catarina, com as participações da neurologista Belina Nunes e da professora universitária Rosa Maria Martelo.

Cantar Juntos com a A-Par

o lançamento do livro com CD "Cantar Juntos 2" terá lugar no dia 16 de Novembro, às 18h30, na Sala 1 da Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa. A pensar nos pais e nos filhos pequenos!
A associação A-PAR "ensina" os pais a interagir, a ajudar a crescer os seus filhos, desde a mais tenra idade. O seu trabalho pode ser conhecido aqui!
Tal como muitas associações, também a A-PAR precisa de ajuda.
BW

domingo, 14 de novembro de 2010

Revisitar a infância - Egas e Becas numa noite de trovoada

Memórias a propósito do mau tempo que se fez sentir este fim-de-semana e na noite passada, em particular (muito útil, na verdade, para nos fazer ficar em casa a corrigir testes!).

Ana Soares

Parece bom!

É a história verídica de uns monges cistercenses de Thibirine, na Argélia, que, em 1996, terão sido mortos por fundamentalistas argelinos. Existe uma controvérsia se não foram mortos pelo próprio exército do país, numa tentativa de os salvar...
Bom domingo!
BW

sábado, 13 de novembro de 2010

Não às portagens, muito menos às automáticas!

É uma questão de educação cívica: Não tenho Via Verde e evito as novas portagens automáticas, em que uma simpática máquina fala comigo. A primeira vez que aconteceu, há umas semanas, rimo-nos imenso porque todos falámos com a máquina e desejámos-lhe uma "boa tarde", enquanto ela repetia: "retire o cartão".
À segunda, já não caímos e lá fomos para a cabine onde havia uma pessoa. É um facto que no banco de trás, eles preferiam que tivessemos Via Verde, em vez de ficarmos numa fila de "totós", à espera de sermos atendidos. "E porque é que não vamos falar com a máquina?", perguntam impacientes. Porque estamos ali para que o trabalho daquela pessoa continue a fazer sentido, para que não seja substituida por uma máquina, para que não engrosse as estatísticas do desemprego. É assim na auto-estrada e no hipermercado, mesmo quando a senhora do outro lado é pouco competente e não nos recebe com o mesmo entusiasmo que a máquina, nem responde aos nossos desejos de "boa tarde"...
BW

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

RED

Aqui fica uma sugestão divertida e despretenciosa para o fim-de-semana!
Que envelheçamos todos como o Bruce Willis é o meu desejo!
BW

Ler faz bem a tudo!

"Quando se aprende a ler, é como se uma armada vitoriosa chegasse às costas desprevenidas do nosso cérebro. Muda-o para sempre, conquistando territórios que eram utilizados para processar outros estímulos - para reconhecer faces, por exemplo - e estendendo a sua influência a áreas relacionadas, como o córtex auditivo, para criar a sua própria fortaleza: uma nova zona especializada, a Área da Forma Visual das Palavras. Isto acontece sempre, quer se tenha aprendido a ler aos seis anos ou já na idade adulta.
Esta é uma das conclusões de um estudo internacional publicado hoje na edição online da revista Science, em que participaram cientistas portugueses - e voluntários portugueses também, pessoas que aprenderam a ler já tarde na vida."

Leia mais aqui!
BW

O senhor do Adeus

Falei dele em casa, eles já o tinham visto mas não fixaram. Ela chorou comovida com o gesto, com o dizer adeus para combater a solidão. Eu também quando vi esta peça!
BW

Alice Vieira - Sessão de autógrafos

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

O custo mais baixo do privado "é um mito"...

... quem o diz é o secretário de Estado da Educação João Trocado da Mata. Hoje, na Assembleia da República, na discussão do Orçamento de Estado (OE) de 2011, o governante fez as contas a quanto custa um aluno do ensino público, tendo por base o OE.
O OE é de 6,3 mil milhões de euros, destes, a dotação para o ensino particular é de 285 milhões (um corte de 21,9 por cento comparativamente ao ano passado); para acção social escolar estão destinados 181 milhões, para os serviços centrais e regionais são 95 milhões, mais 106 milhões para PIDDAC. Tudo subtraído, "chegamos ao orçamento de 5,7 milhões de euros; se dividirmos pelo número de alunos do ensino público" dá 3752 euros aluno. "São os dados do relatório do OE", sublinhou o governante.
O PSD, pela voz do deputado Emídio Guerreiro contestou o número apresentado, fazendo referência ao valor definido pela OCDE, que ronda os cinco mil euros por aluno. Mas Trocado da Mata ripostou, dizendo que esse era um dado referente a 2007 e que o modo da OCDE fazer as contas é diferente do do ministério.
"A ideia que o ensino privado presta um serviço público com custo mais baixo é um mito", declarou o secretário de Estado aos deputados.
Quanto ao privado, o governante não apresentou as contas. A ministra Isabel Alçada disse que o custo médio das turmas no ensino público é de 80 mil euros e que "será esse o tecto base com que nós trabalharemos com o privado". De recordar que o custo de uma turma com contrato de associação é de 114 mil euros/ano, diz a tutela. FIM

Ali onde diz a palavra FIM termina a notícia. Agora uma nota que também podia acrescentar porque é informação objectiva: as contas de Trocado da Mata são feitas com base num OE que vai ter um decréscimo de 11 por cento comparativamente ao do ano passado, com congelamento de progressões dos professores, ou seja, no OE 2010 o preço por aluno do público era superior (para dizer de quanto é que era, tinha que ir ver o relatório do ano passado e fazer as contas...).

A frase seguinte já não poderia acrescentar à notícia porque são cálculos meus, feitos com base nas declarações de Isabel Alçada e de Trocado da Mata, às 23h00, depois de ter estado na Assembleia da República das 15h00 às 20h20, a ouvir oposição, PS e ministério.
Se uma turma do público custa 80 mil euros e um aluno do público custa 3752, as turmas do público terão em média 22 alunos (3752 x 22 = 82.544 euros). Para uma turma do privado (com contrato de associação) com o mesmo número de alunos, o Estado desembolsa 5181 euros por estudante (114.000 : 22 = 5181). Mas não há turmas de 22 alunos no privado, se forem 28 alunos, uma prática comum e permita por lei, estes alunos já ficam mais baratos (114.000 : 28 = 2456 euros). Com os números fazemos o que queremos, eu, o Ministério da Educação, a Associação dos Estabelecimentos do Ensino Particular e Cooperativo ou o leitor!
Teria sido melhor se o secretário de Estado tivesse dito quanto custa um aluno do privado dos contratos de associação ao Estado (escusava eu de estar aqui de calculadora na mão...)
BW
ATENÇÃO: Actualizei a informação na caixa de comentários. As minhas desculpas pelos meus erros matemáticos (12/11, às 10h38).

O retrato da migração...

... é feito hoje na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, mas também aqui !
Algumas ideias a reter:
- estamos a "perder" gente qualificada: "Em 2000, 13 por cento dos portugueses com grau superior (90 mil) emigrara. Na União Europeia, este valor só era superado pela Eslováquia (14 por cento) e pela Irlanda (23 por cento).Os “novos emigrantes” são mais qualificados e escolhem o destino porque são informados, bem diferentes dos emigrantes dos séculos XIX e XX que iam atrás de um trabalho ou de familiares que os chamavam."
- os imigrantes são precisos: em nome do crescimento demográfico (é preciso gente que contribua para a segurança social e assim) e de vários sectores de actividade que, caso os imigrantes decidissem sair todos ao mesmo tempo, ficavam semi-paralisados.
O balanço é que as saídas - há 2,3 milhões de portugueses, nascidos em Portugal, a viver no estrangeiro - são maiores do que as entradas - há meio milhão de imigrantes.
O curioso disto tudo é que o ser humano nunca foi tão pouco migrante como actualmente, diz Rui Pena Pires. Apenas quatro por cento da população mundial é que migra.
BW

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

A Turquia pelos olhos da Maria João Costa

Para ver e ouvir! Bonito!
BW

Não tenho escrito aqui...

... mas ando atarefada com este post e sua caixa de comentários!
Para que fique claro: Eu não sou uma defensora acérrima do ensino privado, eu não sou contra o ensino público. Ambos têm coisas boas e coisas más. Por isso, deve haver espaço para os dois.
Eu tenho os meus filhos no ensino privado porque sim, porque quero (e porque posso); mas isso não me impede de querer que o ensino público seja bom, seja o melhor, tenha grande qualidade, para bem de todos! Da sociedade em que vivemos, do país em geral. Se todos os alunos aprenderem bem, quem sabe não sairemos desta crise mais rapidamente?
Eu não sou elitista, não sou neoliberal, nem outras coisas que se chamam aos defensores do ensino privado, da liberdade de escolha, dos cheques-ensino e afins. Eu sou apenas uma mãe que quer o melhor para os seus filhos (desculpem lá) e se esse melhor estivesse noutro lado, era lá que eu queria que os meus filhos estivessem. Agora estão no privado, no futuro estarão no público, quem sabe, depende de tantas coisas!
BW
PS: A Mulher Maravilha está aqui porque sim, porque me apeteceu! Enfim, ela sim, há-de ser uma patriota e neoliberal, defensora dos privados! Eu sou só uma patriota, baixa, redonda e de olhos castanhos, pecadora porque tenho filhos no privado...

terça-feira, 9 de novembro de 2010

um livro é uma casa

"E [eu] estava a sentir uma coisa ainda mais estranha: a gostar de aprender. A gostar de aprender que um livro é uma casa com muitas portas - às vezes tantas quantas as páginas do livro; outras, tantas quanto as linhas. Outras, nem tanto assim. Havia livros que eram mais como aquelas pinturas a imitar portas e janelas, que quando uma pessoa chegava lá embatia com o nariz num muro."


Rui Zink, Anibaleitor, p. 62

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Quem mexeu no meu queijo?

Ter queijo faz-nos felizes

O que é que farias de não tivesses medo?

Quando deixas de ter medo, sentes-te bem!

Imaginar o teu novo queijo ajuda-te a encontrá-lo.


Estas são algumas das frases chave do livro Quem mexeu no meu queijo? - versão júnior, uma proposta da Pergaminho. Estava reticente quando peguei no livro, mas acabei por me render às quatro personagens-ratinhos: Pigarro, Fungadela, Correria e Gaguinho. A edição conta ainda com algumas perguntas e sugestões de debate para fazer com os mais pequenos, talvez a partir dos 5 anos. Excelente para trabalhar a motivação, desmistificar medos, aumentar a auto-estima. Reconhecendo-se nas características dos três ratinhos, as crianças ganham consciência de si; na imagem do queijo, imaginam os seus sonhos e objectivos.

Ana Soares

domingo, 7 de novembro de 2010

Ficou-me no ouvido...

... Depois de ouvida duas vezes. É country, foi cantada pelo duo de mãe e filha, Wynonna e Naomi Judds, conhecidas por The Judds, no início da década de 1990, um sucesso nos EUA. Gosto sobretudo da letra! Bom domingo!
BW

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Governo corta nos apoios ao ensino privado

Tenho uma boa escola pública perto de casa. Os meus vizinhos da frente, do outro lado da rua, podem mandar os seus filhos para essa escola. Eu não, que moro deste lado da rua, pertenço a outra que fica mais longe e é menos boa, para não dizer má (não se pode dizer que as escolas são más. Será que se pode dizer que são mal frequentadas?, também não).
Os meus filhos estão no ensino privado, num colégio que fica ao lado da tal escola boa. Os meus filhos fazem parte dos 56 por cento de alunos que não recebem qualquer apoio do Estado para frequentar o privado. Só têm o apoio dos pais que também não trabalham no sector público.
Já tentei beneficiar de um contrato simples (o Ministério da Educação dá uma quantia simbólica aos pais, dependendo de uma fórmula que é aplicada ao rendimento da família) mas, aos olhos do Estado, sou rica e nem um cêntimo para esta pobre mãe. Em contrapartida, não posso pôr todas as minhas despesas com Educação no IRS porque há um tecto e, para o ano, esse vai baixar o que significa que apresentarei ainda menos despesas (embora elas existam). Tudo somado: eu pago a educação dos meus filhos e dos filhos de outros que os têm na escola pública. Tudo bem, sou caridosa, posso fazê-lo e hei-de ganhar o céu.
Agora, fico um bocadinho irritada com o discurso da dor de cotovelo, de quem não vê além do seu umbigo. Ou seja, irrita-me quem diz: Vão cortar no ensino privado? Acho muito bem! O Estado tem que investir é na escola pública! Os meninos de bem, esses betinhos, que vão para a escola pública, que só lhes faz bem! Não têm dinheiro para continuar no privado? Azar!
Fico irritada com os invejosos que não acompanham este raciocínio. Ora vejam: nos últimos 30 anos, o Estado, em nome de uma ideologia, andou a construir escolas públicas mesmo ao lado das privadas.
As privadas já lá estavam, com boas instalações, com corpos docentes estáveis (a ganhar menos do que os do público e a trabalhar mais - é bem feita!, dizem os senhores da dor de cotovelo - que é para não serem parvos!), com projectos educativos que põem os alunos a aprender não só a matéria, mas regras de civilidade; são escolas que funcionam e quando isso não acontece cai-lhes a inspecção em cima, a inspecção do Ministério da Educação.
Ao longo dos anos, o Estado gastou dinheiro a fazer escolas novas, a admitir mais professores e, paralelamente, a pagar às privadas para manter o serviço público que ofereciam. Porque nestes colégios privados andam todos, dos ricos aos pobres, todos com as mesmas oportunidades, tal e qual como na escola pública. E agora, toca a cortar - é mesmo assim, calha a todos, o que é que pensavam, que só cortavam na pública?
Irrita-me a má gestão dos dinheiros públicos e os invejosos.
BW

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Tendências e Controvérsias em Sociologia da Educação

É o título do livro editado pela Mundos Sociais, organizado por Pedro Abrantes com os trabalhos e investigações mais recentes no âmbito da Sociologia da Educação.
O lançamento é esta tarde, às 16h00, em Lisboa, no ISCTE, na Ala Autónoma, no Auditório Afonso de Barros. A apresentação está a cargo do professor José Resende e eu deveria estar presente também para exercer a mesma função. Mas, por motivos de força maior, vai ser impossível. As minhas desculpas públicas ao professor Pedro Abrantes e a toda a organização (as desculpas pessoais já foram dadas, ainda que com pouca antecedência).
BW